Moçambique registou, de janeiro a junho do presente ano, 14 mortes por raiva, depois de, em 2024, ter registado 31 óbitos, fruto de mais de 200 mil casos de mordedura canina. Esta terça-feira, o país recebeu 100 mil doses de vacina, correspondentes a 28 por cento da meta estabelecida de 350 mil até ao fim do ano.
No ano passado, o país registou 31 mortes por raiva, num universo de mais de 200 mil casos de mordeduras. Este ano, até junho, o número de vítimas mortais já chegava a 14, de um total de cerca de 19 mil mordeduras.
Para travar a propagação da doença, o país precisa de mais de 350 mil doses de vacinas anti-rábicas, e esta terça-feira recebeu 100 mil, fornecidas pela Organização Mundial de Saúde.
“Esta doação da Organização Mundial de Saúde Animal, de facto, vem reforçar os esforços que o Governo tem empreendido para, efetivamente, controlar essa doença mortal. Mas, acima de tudo, ampliar os esforços que o Governo tem empreendido nesta componente de assegurar que, efetivamente, tenhamos animais protegidos e que não tenhamos casos em que estes animais infetados possam, de facto, representar um perigo para a saúde pública. Antes desta receção das 100 mil doses, tínhamos alguma limitação, porque tínhamos apenas alguma reserva para questões de emergência”, disse Abel Chilundo, Director Nacional Adjunto da Direção de Sanidade.
Com esta receção, o Governo reforça a campanha de vacinação antirrábica em todas as províncias, com destaque para as zonas de maior risco, e poupa 80 mil dólares, parte do valor que deveria ser desembolsado para o efeito.
De acordo com a Direção Nacional de Sanidade, “nas últimas ocorrências que se registaram na província de Tete, tivemos de acionar estas reservas que tínhamos. Mas, com esta receção, temos a possibilidade de, em cada uma das províncias, para além daquelas de maior risco, alocar esta vacina e assegurar que haja, de facto, uma campanha de vacinação antirrábica em cães e gatos. A região da SADC já provou, em várias ocasiões, a sua capacidade de agir em bloco.”
A entrega das vacinas acontece à margem do IV Seminário Regional de Avaliação de Progresso sobre a Implementação do Plano de Ação para a Erradicação da Peste dos Pequenos Ruminantes, que decorre em Maputo.
Intervindo na ocasião, o Secretário de Estado do Mar e Pescas, Momade Juízo, disse ser urgente a adoção do plano para evitar insegurança alimentar e morte massiva de animais.
“E hoje temos novamente a oportunidade de mostrar a nossa união, colocando fim à circulação da PPR nos nossos territórios e libertando milhões de famílias do risco e da insegurança alimentar. O controlo e a erradicação da PPR não são apenas essenciais para a saúde animal, mas também são fatores fundamentais para a estabilidade económica, a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável”, advertiu o governante.
Por sua vez, a Organização Mundial de Saúde, parceira da SADC no combate a surtos, prometeu, na ocasião, continuar a apoiar com imunizantes.
“Não decepcionemos os milhões de famílias que dependem de pequenos ruminantes e não decepcionemos o anseio deste continente por segurança alimentar e desenvolvimento resiliente. A erradicação da PPR não é um sonho, é uma realidade que enfrentaremos juntos. Exige coragem, cooperação e comprometimento”, afirmou Moetapele Letshwenyo, representante da FAO em Moçambique.
Neste momento, e de acordo com a Organização Mundial de Saúde, dos dezasseis países da SADC, cinco continuam sob surto da Peste dos Pequenos Ruminantes.