Trump exige redução das taxas de juros e declara-se especialista em Política Monetária

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No Fórum Económico Mundial em Davos, Suíça, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gerou controvérsia ao exigir que a Reserva Federal (Fed) reduzisse imediatamente as taxas de juro, justificando o pedido com a recente descida dos preços do petróleo. A declaração, feita num discurso amplamente divulgado, reacendeu o debate sobre a independência da política monetária nos Estados Unidos.

Declarações polémicas e o papel da Fed

Trump afirmou publicamente que entende melhor de política monetária do que os responsáveis pela formulação da mesma, incluindo Jerome Powell, Presidente da Fed, a quem o próprio Trump nomeou. “Com os preços do petróleo a cair, exijo que as taxas de juro sejam reduzidas imediatamente e, igualmente, deveriam ser reduzidas em todo o mundo”, declarou o Presidente norte-americano, reafirmando a sua visão sobre o assunto num evento subsequente na Casa Branca.

Actualmente, a Fed mantém as taxas de juro numa faixa entre 4,25% e 4,5%, após uma redução em dezembro de 2024. Apesar disso, a postura da Fed tem sido de cautela, dado o nível ainda elevado de inflação. Esta abordagem contrasta com a posição de Trump, que, desde o início da sua presidência, criticou a subida das taxas de juro nos primeiros dois anos do seu mandato, atribuindo-lhes um impacto negativo na economia.

Incerteza sobre a Política Monetária

A independência da Fed, desenhada para proteger a formulação de políticas económicas de influências políticas directas, é uma questão central neste debate. Powell e outros membros da Fed expressaram preocupação com as possíveis implicações de novos cortes nas taxas de juro, especialmente num cenário de inflação acima da meta de 2%. O Presidente do Fed de Nova Iorque, John Williams, destacou recentemente a incerteza económica em torno de políticas fiscais, comerciais e regulatórias, dificultando previsões e decisões sobre política monetária.

Além disso, as tarifas comerciais defendidas por Trump e os seus planos para deportações em larga escala de imigrantes indocumentados são considerados fatores que podem reacender pressões inflacionárias. Muitos economistas alertam que a redução das taxas de juro num contexto de inflação ainda elevada pode ter efeitos adversos, incluindo o agravamento das pressões sobre os preços.

Impacto e perspectivas para 2025

Enquanto Trump insiste que cortes nas taxas de juro impulsionariam a economia, membros da Fed, como Christopher Waller, indicam que novos cortes só seriam considerados mediante evidências claras de alívio nas pressões inflacionárias. Waller também questionou o impacto real das tarifas comerciais na inflação, argumentando que os seus efeitos podem não ser tão significativos como muitos economistas preveem.

A postura da Fed para 2025 reflete a complexidade de equilibrar o crescimento económico com a estabilidade de preços. Embora Trump continue a pressionar por mudanças imediatas, a Fed mantém a sua independência, baseando as decisões em dados concretos e nos objetivos de pleno emprego e inflação controlada.

As declarações de Donald Trump sobre as taxas de juro reacendem um debate essencial sobre a interação entre política e economia nos Estados Unidos. A pressão sobre a Fed, embora incomum para presidentes na era moderna, reflete o desejo de Trump de moldar as políticas económicas em linha com a sua visão. Contudo, a cautela demonstrada pela Fed sublinha a importância de decisões equilibradas para evitar riscos de longo prazo à economia norte-americana.

Fonte: O Económico

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