Boavista-Famalicão, 0-2 (crónica)

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E vão dez jogos sem ganhar para o Boavista na Liga, os últimos cinco sempre a perder. Cinco, o número de suplentes no banco dos axadrezados, esta noite, frente ao Famalicão. Na bancada lê-se uma tarja com a frase «só os fracos desistem», mas também é preciso quem ajude. Quem dá a mão a uma pantera moribunda?

Pese embora todas as dificuldades, este continua a ser um Boavista com personalidade, empenhado em ser protagonista e não um mero peão no jogo. Com bola, desfazia a linha de quatro defesas com Joel Silva a subir pelo flanco esquerdo para se colocar ao mesmo nível do que Gonçalo Miguel, na ala oposta.

Uma dinâmica arriscada, que causou alguns calafrios defensivos, mas que permitiu aos axadrezados alguma superioridade territorial perante um Famalicão pouco dado a aventuras, preferindo, sobretudo, jogar pelo seguro.

Até por aí, o golo de Sejk, no primeiro ataque à baliza adversária, foi uma espécie de dádiva que reforçou as intenções dos minhotos, muito amarrados aos equilíbrios. O único a quem era permitida uma maior amplitude de movimentos era Gustavo Sá, que assumiu, sem problemas, a organização do jogo ofensivo do «Fama».

Ele passava, sobretudo, pela exploração dos espaços deixados vagos nas alas do Boavista, consequência também do sistema camaleónico de Bacci, mas, tirando uns rasgos de Sorriso e Aranda, viu-se muito pouco do Famalicão no ataque, até ao intervalo. Não é que o Boavista tenha feito muito mais, do outro lado, mas sempre mostrava maior vontade em mexer com o jogo.

RECORDE O FILME DO JOGO

A resistência boavisteira evaporou-se com o segundo golo minhoto, nos minutos iniciais da segunda parte, ainda que aí já se notassem maiores dificuldades dos axadrezados em manter as dinâmicas do primeiro tempo. Marcou Gustavo Sá, concluindo um contra-ataque perfeito pela direita, em resposta a um ataque perigoso do Boavista. A manta esticou de um lado, ficou destapada do outro.

A partir daí só deu Famalicão, que ameaçou o 3-0 num leque de situações que pediam melhor definição. E quando o remate saiu com qualidade, apareceu César a dar espetáculo na baliza do Boavista, ao parar um remate com selo de golo de Sorriso (67m).

A vitória no Bessa, a primeira com Hugo Oliveira ao leme, fecha uma série de dez jogos sem vencer para o Famalicão, nove deles para o campeonato. Já o Boavista prossegue a via-sacra em que se tornou esta temporada. Certamente à espera de um milagre.

Momento: Gustavo Sá dá a estocada com o 2-0, 56m

A réplica, corajosa, que o Boavista ia dando ao Famalicão volatilizou-se com o segundo golo do Famalicão, apontado por Gustavo Sá, na sequência de um contra-ataque perfeito pela direita. O jogo como que acabou aí.

Figura: Gustavo Sá

Andou por todo o lado no meio-campo ofensivo do Famalicão, sendo, de longe, o jogador com maior amplitude de movimentos na manobra dos minhotos. Pautou os ritmos do jogo, fez a equipa jogar e ainda conseguiu marcar. Uma exibição de mão cheia, mais uma, para o médio, que passa pelo jogo com sobriedade, quase omnipresente.

Positivo

A resistência do Boavista personificada na exibição de mão cheia de Camará. Foi o primeiro a sair nos axadrezados, amarelado e logo depois do 2-0, mas até aí foi o melhor em campo na equipa da casa. Muito pulmão, capacidade física assinalável e boa saída de bola num médio para continuar a acompanhar com atenção.

Negativo

Chega a ser cruel aquilo que se pede a um Boavista com muita juventude, gente com vontade em dar nas vistas e com boas ideias, mas a quem falta quase tudo para poder ser sequer competitivo. E o pior é que as dificuldades parecem aumentar com o passar do tempo. Será que ainda há esperança no Bessa?

Fonte: Mais Futebol

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