O Bitcoin registou uma queda superior a 5% nesta sexta-feira, 28/02, atingindo o seu nível mais baixo desde 11 de Novembro de 2024, num contexto de incerteza sobre as políticas económicas e comerciais da administração Trump e uma crescente desconfiança dos investidores no mercado de criptomoedas. A maior criptomoeda do mundo, em termos de valor de mercado, caiu para $79.666, rompendo pela primeira vez em três meses o patamar de $80.000.
A desvalorização do Bitcoin ocorre em meio a um conjunto de factores que vêm pressionando o sector, incluindo o impacto de um ataque hacker à plataforma Bybit, que resultou no roubo de aproximadamente $1,5 mil milhões em ether, e uma maior aversão ao risco nos mercados financeiros.
Perda de momentum e incerteza sobre políticas económicas dos EUA
Desde meados de Dezembro de 2024, o Bitcoin perdeu cerca de 25% do seu valor de mercado, após atingir um pico de $105.000, impulsionado pelo optimismo em relação a uma possível flexibilização regulatória para o sector de criptoactivos nos Estados Unidos. No entanto, as expectativas de que a administração Trump promovesse um ambiente mais favorável ao setor esfriaram, especialmente devido à falta de medidas concretas após as nomeações iniciais de figuras pró-cripto para cargos estratégicos.
Joshua Chu, co-Presidente da Hong Kong Web3 Association, afirmou à Reuters que a quebra do Bitcoin abaixo dos $80.000 demonstra que o entusiasmo inicial sobre uma regulação mais amigável chegou ao fim. Segundo Kyle Rodda, analista sénior do Capital.com, o mercado começou a perder força devido à ausência de novas notícias positivas que sustentassem a narrativa de valorização.
Além disso, a recente correção nos mercados acionistas dos EUA também afetou as criptomoedas. O Bitcoin continua a ser negociado como um ativo de alta volatilidade, com uma correlação crescente com as grandes empresas de tecnologia listadas em Wall Street. A queda nas ações das chamadas “Mag 7” – Microsoft, Apple, Nvidia, Alphabet (Google), Amazon, Meta (Facebook) e Tesla – contribuiu para uma venda massiva de ativos especulativos, incluindo criptomoedas.
Ataque hacker e impacto no mercado de criptoativos
Outro factor que aumentou a aversão ao risco foi o hack massivo à exchange Bybit, segunda maior plataforma de negociação de criptomoedas depois da Binance. O ataque resultou na perda de $1,5 mil milhões em ether, o que representa um dos maiores roubos já registados no setor de blockchain, segundo a empresa de análise Elliptic. A vulnerabilidade nas exchanges centralizadas reacendeu temores sobre a segurança do setor, levando muitos investidores a retirarem fundos de plataformas de negociação de Bitcoin e outros criptoativos.
A incerteza também se reflete no fluxo de saída de capital dos fundos negociados em bolsa (ETFs) lastreados em Bitcoin, indicando que os investidores institucionais estão a reduzir a exposição ao ativo digital.
Impacto da política monetária e comercial dos EUA
A pressão sobre o Bitcoin e outros activos de risco também vem do ambiente macroeconómico global. O Federal Reserve sinalizou que pretende realizar apenas um corte na taxa de juros em 2025, contrariando as expectativas iniciais de uma política monetária mais expansionista. Esse factor mantém o dólar forte e os rendimentos dos títulos do Tesouro a níveis elevados, reduzindo a atractividade do Bitcoin como reserva de valor.
Além disso, as novas tarifas comerciais impostas pelo Presidente Donald Trump aumentaram os receios de um impacto negativo na economia global. O Governo norte-americano anunciou que, a partir de 4 de Março, implementará uma tarifa de 25% sobre importações do Canadá e México, além de novos impostos sobre produtos chineses. O agravamento das tensões comerciais elevou a procura por ativos de refúgio mais tradicionais, como títulos do Tesouro dos EUA, reduzindo o interesse por criptomoedas.
O Banco Central do Brasil também divulgou informações sobre os desafios tecnológicos enfrentados no projecto piloto da sua moeda digital Drex, o que pode influenciar a confiança dos investidores no setor de finanças digitais em mercados emergentes.
Perspectivas para o Bitcoin
Especialistas do sector apontam que o actual movimento de queda no Bitcoin reflecte uma combinação de factores macroeconómicos, regulatórios e técnicos. Segundo Reuben Conceicao, Diretor de Estratégia da empresa Metasig, em declarações à Reuters, a incerteza sobre as tarifas norte-americanas, as preocupações com a geopolítica global e o impacto do hack da Bybit estão a minar a confiança dos investidores no mercado de criptomoedas.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Embora muitos analistas continuem optimistas a longo prazo, o mercado de Bitcoin permanece sob pressão no curto prazo, com uma forte resistência na faixa entre $65.000 e $70.000. A trajectória do activo dependerá, em grande parte, das decisões futuras da administração Trump em relação ao sector de criptoactivos, das políticas monetárias do Fed e da evolução da procura global por activos digitais como reserva de valor.
Fonte: O Económico
