O CEO da Goldman Sachs, David Solomon, afirmou que a decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas sobre importações do México, Canadá e China faz parte de uma estratégia para “nivelar o campo de jogo” no comércio global. A declaração foi feita durante a Australian Financial Review Business Summit, onde Solomon destacou que a Casa Branca vê os actuais acordos comerciais como “desfavoráveis” aos interesses norte-americanos.
As novas tarifas, que entraram em vigor hoje, incluem uma taxa de 25% sobre bens do Canadá e do México e um aumento para 20% nas importações chinesas, face aos anteriores 10%. Trump justificou a medida alegando que os países visados não fizeram o suficiente para conter os fluxos de fentanil para os EUA, uma substância sintética associada à crise de opióides no país.
“O Presidente acredita firmemente que existem desequilíbrios no comércio global e quer corrigir isso de forma agressiva”, afirmou Solomon.
A posição da administração Trump levanta incertezas sobre o impacto das tarifas na economia global e no próprio mercado norte-americano.
Reacções e Riscos para a Economia Global
O CEO da Goldman Sachs indicou que há um clima de cautela entre líderes empresariais, que temem os efeitos secundários da guerra comercial.
“O verdadeiro problema é a incerteza sobre o impacto final dessas políticas económicas. Empresas precisam de previsibilidade para tomar decisões estratégicas, e neste momento há muitas dúvidas no ar”, acrescentou Solomon.
Stephen Schwarzman, CEO do grupo de investimentos Blackstone, que também participou na conferência, minimizou os receios de uma recessão nos EUA em 2025, afirmando que o risco é praticamente nulo. Contudo, Solomon foi mais cauteloso:
“A probabilidade de recessão é pequena, mas não é zero”, alertou o líder do Goldman Sachs.
Além dos riscos macroeconómicos, há também preocupações sobre o impacto nas cadeias de abastecimento e nos preços ao consumidor. O Canadá, por exemplo, tem os EUA como principal parceiro comercial e poderá enfrentar desafios para redireccionar as suas exportações. O Conselho de Investimento do Plano de Pensão do Canadá, representado pelo seu director de investimentos, Edwin Cass, já indicou que o país pretende diversificar as suas relações comerciais para reduzir a dependência norte-americana.
“Vamos tentar diversificar muito mais a nossa economia e torná-la mais competitiva no cenário mundial”, afirmou Cass.
Impacto na Política Interna dos EUA
Além do impacto económico, as políticas de Trump estão a transformar o ambiente corporativo nos EUA. Solomon mencionou que a Goldman Sachs foi obrigada a remover referências à diversidade e inclusão do seu relatório anual, devido a novas directrizes do governo federal que proíbem políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) em agências públicas.
“Com as alterações nas ordens executivas e na legislação, temos de comunicar de forma diferente sobre essas questões”, explicou Solomon, garantindo que a Goldman Sachs continuará comprometida com a captação dos melhores talentos, independentemente das novas regras.
Uma Nova Guerra Comercial?
A decisão de Trump de ampliar as tarifas comerciais poderá reacender tensões diplomáticas e económicas entre os EUA e os seus parceiros comerciais. Os próximos meses serão cruciais para medir os impactos reais destas medidas, tanto no comércio global como no crescimento económico norte-americano.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Enquanto isso, empresas e investidores aguardam maior clareza sobre os desdobramentos das novas políticas proteccionistas e sobre as possíveis retaliações de países como Canadá, México e China.
Fonte: O Económico