As Habilidades Essenciais do Gestor do Futuro

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Todos somos gestores! Quer seja pai, mãe, filho, professor, presidente, empreendedor, empresário, ou propriamente CEO, e independente do nosso status social, só pelo facto de sermos seres vivos a vida nos impõe a gestão! Não importa a nossa localização, quer estejamos na cidade de Maputo, Cairo, Londres, Nova Iorque, Hong Kong ou mesmo em Camberra (capital da Austrália)  — somos todos gestores!

Todavia, o mundo já não é o mesmo, a vida mudou, a forma de comunicar evoluiu, a conectividade é crescente na vida social, organizacional e em todos os níveis de gestão. A influência ou o poder, não mais consiste em ter uma propriedade, terra, ou ter um domínio de conhecimento apenas numa única área de trabalho como na era industrial, vivemos a era da tecnologia e informação onde todos os dias assistimos à disrupção tecnológica que torna a vida humana cada vez mais fácil e rápida! Pese embora, os filósofos da era de Informação e Tecnologia, advogam a massificação do trabalho telecomandado por robôs, tornando desta forma mais evidente a substituição massiva da força humana, os Recursos Humanos ainda têm o seu papel na gestão!

Neste contexto de constantes mudanças, o que fazer quando o mundo está em caos? O que fazer quando as projecções do crescimento económico (PIB) estão aquém do desejado ou previsto? O que fazer quando os recursos escasseiam? O que fazer quando as mudanças climáticas desafiam as nossas capacidades de resiliência? O que fazer quando o salário não é mais suficiente para suprir as necessidades da família num cenário onde a inflação cresce exponencialmente, e o despedimento em massa inevitável? O que fazer num cenário onde há abundância de recursos minerais, hídricos, potencialidades agrícolas, extensa costa que pode dinamizar a economia azul, mas o país continua pobre e talvez empobrecido em todos os níveis? O que fazer para tornar um negócio (uma empresa) mais competitivo num mercado global cada vez mais disruptivo? Como mudar a vida, a sociedade, o país, o mundo num cenário que nos parece que Deus é por todos e cada um por si? O que fazer num cenário onde o mundo é “Smart” (digital), ou explora os benefícios da Inteligência Artificial e outra parte do mundo parece estar perdida na idade da pedra? Como pensar a vida e o mundo melhor daqui a 100 anos, quando todos nós estivermos provavelmente mortos? Estas e mais questões do género têm uma única resposta: gestão!

A gestão tem a ver com a forma eficaz como usamos os recursos que temos e a qualidade de vida que produzimos no processo. Todavia, a gestão não (em si) é o foco deste artigo[1], embora possamos inevitavelmente ter algumas abordagens sobre a gestão ao longo do mesmo! De acordo com Peter Drucker (1909–2005), o pai da gestão moderna, “a melhor forma de prever o futuro é criá-lo”; com isto posto, podemos concluir que sem gestão não há como ter um futuro! Quer tenhamos poucos ou muitos recursos, tangíveis ou intangíveis, precisamos criar um futuro melhor — e este processo de gestão requer um gestor Smart.

Singapura tornou-se independente do Reino Unido a semelhança da Gâmbia em 1965 (a maioria dos países Africanos tornaram-se independentes na década de 60), porém, as condições em que estes países estavam na altura eram idênticas — extrema pobreza e falta de meios para iniciar uma nova gestão (governação) após muitos longos anos de opressão colonial. O mais caricato nesta fotografia desses países é que Singapura esteve à beira de ser comprada pela Malásia de acordo com Bispo Tudor Bismark. Não obstante, a este cenário da Singapura, o primeiro-ministro de então, Lee Juan Yen, determinou que todo cidadão deveria poupar 23% do seu salário por 20 anos, para que o governo tivesse um fundo de investimento. Através dessa atitude de um gestor smart, Peter Drucker chamaria de O Gestor Eficaz (The Effective Executive); Singapura deixou de ser um país subdesenvolvido como Gâmbia para um país desenvolvido. Hoje, a Gâmbia produz em média 1.686 Dólares de PIB per capita, e a Singapura 102.742 Dólares per capita. Qual é a razão dessa tamanha diferença? Tudo tem a ver com a assertividade do gestor, que (na minha perspectiva) não só tinha o QI (formação específica em alguma área) em Negócio, mas também soube usar outros tipos de conhecimento, nomeadamente o QEs (Conhecimento Espiritual), QE (Inteligência Emocional), QE (Inteligência Relacional) e QA (Capacidade de Adaptabilidade).

O CEO do Grupo do Banco DBS,  Piyush Gupta,  atesta no seu artigo publicado após a morte do Lee Kuan Yen que os planos da Singapura são elaborados em 10, 15 e 20 anos respectivamente, isto mostra claramente que a planificação estratégica a curto, médio e longo prazo também é um grande diferencial para o desenvolvimento.

Embora todos sejamos gestores, partindo do pressuposto que ser gestor implica gerir recursos, não há ninguém dos cerca de 8 biliões de seres humanos que não tenha recursos (quer intangíveis ou tangíveis; quer poucos ou em abundância), o gestor do futuro precisa de ter QI, QE, QEs, QR e QA; é o foco do artigo: as habilidades essenciais do gestor do futuro, que são divididas em dois grupos, nomeadamente: (i) Habilidades Técnicas (QI) e (ii) Habilidades Comportamentais (QE — Inteligência Emocional, QEs — Inteligência ou Quociente Espiritual, QR — Inteligência ou Quociente Relacional, e QA — Inteligência ou Quociente de Adaptabilidade).

As Habilidades Técnicas são chamadas de Hard Skills e as Habilidades Comportamentais de Soft Skills. Apesar dos Hard Skills serem importantes para a contractação de qualquer indivíduo, incluindo o gestor, o que determina a consolidação de uma carreira são os Soft Skills. Do outro lado, quanto ao termo gestor nos referirmos em primeira instância a pessoa como gestor da sua própria vida, ou seja, gestor do nível micro e em segundo lugar o nosso foco é o gestor corporativo ou organizacional que é todo aquele que está numa posição de gestão, ou por outra, gestor do nível macro.

Em um mundo marcado pela complexidade e velocidade das mudanças, apenas aqueles gestores que unem competências técnicas e humanas serão capazes de liderar (gerir) com eficácia. O gestor do futuro não será definido apenas pelo seu currículo, mas pela sua capacidade de adaptar-se, conectar-se com as pessoas, agir com inteligência emocional e espiritual, e sobretudo, transformar desafios em oportunidades. Como disse Peter Drucker, “a melhor forma de prever o futuro é criá-lo” — e a criação desse futuro está nas mãos de cada gestor, começando por você.

Nunca é demais lembrar: “as pessoas (os gestores) são contratadas pelo seu currículo, mas demitidas pelo seu comportamento”, logo, as habilidades essenciais do futuro sao determinantes para efectidade de qualquer gestor.

[1]Este artigo faz para introdução original (actualizada para revista Tempo) do livro O Gestor do Futuro da autoria de Onésimo Singa publicado em Mocambique em 2023

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