Cinco ideias táticas que explicam o empate entre Benfica e Sporting no dérbi

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Liga: Benfica-Sporting (LUSA)

Último jogo grande do campeonato, considerado o jogo do título, que acabou por não definir o campeão e deixa a decisão em aberto para a última jornada. Estes jogos são normalmente mais emocionais do que cerebrais, nem sempre jogados da forma mais bonita e espetacular, mas sempre com intensidade e competitividade: são no fundo combates com muitos duelos e disputas.

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p style=”text-align:justify”>Em termos de escolhas para os onze iniciais, os treinadores a optarem por Pedro Gonçalves e Di María, que poderiam ser as maiores dúvidas para este jogo.

O jogo iniciou praticamente com o golo do Sporting, ainda antes de se perceber quais iriam ser as abordagens estratégicas de cada equipa. Um golo, com um movimento e interveniente expectável.

Se tivéssemos de apostar numa forma do Sporting chegar ao golo, facilmente apostaríamos neste tipo de movimentos: a bola é ganha em zona baixa, verticalidade da equipa, diagonal do Gyokeres de dentro para fora, para o corredor esquerdo, que depois, não tendo possibilidade finalizar, assiste Trincão para o golo.

A verdade é que o golo muito cedo veio mudar várias coisas, já que as equipas tiverem de jogar e ter uma estratégia em função de um jogo que iniciou em 0-1.

No Sporting, talvez o golo apenas tenha exacerbado a ideia que já tinha preparada: pouco risco, contenção defensiva, apostar mais na organização sem bola e aproveitar bem os momentos de ganho de bola para atacar rapidamente e com espaço.

A equipa jogava de forma mais cerebral, com controlo emocional e muito comprometida nos processos.

Por outro lado, no caso do Benfica, que já tinha de ganhar o jogo para ter vantagem na conquista do título, e tinha de arriscar mais, o golo tirou alguma confiança e talvez tenha obrigado a ser mais emocional do que o previsto. A equipa teve de perder controlo mais cedo, para pressionar logo muito alto e recuperar mais rapidamente a bola, de forma a tentar chegar ao golo.

Por isso não foi tão tranquila e calma em alguns momentos e processos.

Desta forma, o Sporting com bola usava maioritariamente uma construção longa desde o guarda-redes, para jogar a partir da segunda bola no meio-campo ofensivo. Tinha pouca bola em zonas baixas, pouca circulação e construção apoiada desde a linha defensiva. Ou seja, assumia pouco ou nenhum risco na construção, para tentar logo superar a pressão alta do adversário de forma simples e sem erros.

No fundo, tentava atacar com a estrutura que vem dos tempos de Ruben Amorim, em 1x3x4x3, e que Rui Borges vai usando e ajustando de acordo com as suas ideias.

A equipa ia, por isso, chegando mais a frente, sim, mas sempre em momentos de transição e ataques rápidos. Trincão e Gyokeres eram as armas mais adiantadas e influentes nestes momentos, ainda que não tenham conseguido criar muitas situações.

O Benfica optava por tentar ser intenso e agressivo na pressão, pressionando alto. No entanto, nem sempre o fazia com um bloco muito organizado e bem definido.

A equipa colocava três jogadores a saltarem na linha de três do Sporting, sendo geralmente Akturkoglu, Pavlidis e Di Maria, enquanto Aursnes tinha a responsabilidade de defender o corredor direito, que ficava mais descoberto com a menor capacidade de Di Maria de recuperar.

A equipa apostava na intensidade e nos duelos. Nem sempre controlava bem os médios adversários e o espaço central, é certo, mas o Sporting também não era capaz de explorar muito isso com bola.

Sem bola, o Sporting iniciava a sua organização defensiva em 1x4x4x2, com Trincão e Gyokeres na primeira linha de pressão e Geny Catamo, na direita, na linha dos médios. Tentava organizar-se num bloco médio como ponto de partida, sem muita pressão na construção adversária: ou seja, tentava condicionar, mas sem saltar muito na pressão. 

Ainda assim, tentava defender em bloco. 

Inicialmente tinha alguma capacidade para roubar mais bolas em zona média e lançar ataques, mas depois, conforme ia baixando no terreno, cada vez mais ficava obrigada a parar os ataques em zonas mais baixas.

Enquanto isso, o Benfica carregava e empurrava para trás.

Num segundo momento, em zonas mais baixas, particularmente quando Carreras se projetava, Geny Catamo tinha de baixar para a linha defensiva e a equipa acabava por se organizar numa linha de cinco, muito comum neste Sporting.

O Benfica com bola, apostava na intensidade, na velocidade com bola, na mobilidade. Começava a construção muitas vezes a três, particularmente com Kokçu a baixar para junto da linha defensiva e a abrir do lado esquerdo, ou então com Tomás Araújo a baixar mais.

A equipa tentava meter gente dentro, nas costas dos médios do Sporting, particularmente Di María, muitas vezes em zona central, Pavlidis fazia movimentos de apoio e Akturkoglu, aproximava-se de Pavlidis, ou então procurava ele próprio o espaço entrelinhas também. Enquanto isso, Aursnes abria várias vezes no corredor direito.

Depois, tentava acelerar nos corredores, para ligar de fora para dentro e tentar criar situações a partir dai. Com mais dinâmica e mobilidade na direita, enquanto Di María alternava entre dentro ou receber aberto, o Benfica ia criando algumas superioridades nesse lado.

Na esquerda, por outro lado, procurava mais movimentos de profundidade de Carreras.

Inicialmente teve várias perdas de bola e dificuldades nas zonas de ligação, mas com o tempo foi-se tornando cada vez mais capaz de se aproximar com frequência da área adversária, embora na zona tivesse depois dificuldades em superar a última muralha adversária. Contra uma linha de cinco e muita gente baixa a defender a área, o Benfica não conseguia transformar o domínio em oportunidades.

Já com a troca de Schjelderup, por Di María, (com Akturkoglu a passar para a direita), empurrou ainda mais o Sporting e acabou por empatar após excelente ação individual de Pavlidis.

De seguida a equipa mudou a sua estrutura, apostando claramente em dois jogadores juntos na frente com a entrada de Belotti. Uma opção que inicialmente permitiu a criação da melhor oportunidade do golo, mas que depois disso não trouxe mais, nem permitiu acabar o jogo a sufocar o adversário.

Até porque o Sporting tinha alterado jogadores, para dar mais consistência e segurança defensiva, particularmente na linha de cinco atrás, sem mudar a estrutura e as ideias. Com isto até conseguiu pressionar mais alto nos momentos finais, afastar-se da sua baliza e controlar melhor o jogo.

Foi portanto um jogo com muita luta, duelos e intensidade, com muitas paragens e poucas situações claras de golo. O Benfica teve muito mais bola e domínio, num futebol muito mais emocional e pouco pensado, com dificuldade em ultrapassar a última linha adversária.

Já o Sporting fez jogo mais de bloco e consistência, mais controlado e cerebral, próprio de uma equipa que pareceu sempre mais tranquila e segura em campo.

Fonte: Mais Futebol

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