Petróleo Recua Face a Aumento da Oferta e Incerteza no Acordo EUA–China

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Os preços do petróleo recuaram esta terça-feira após terem atingido máximos de duas semanas, pressionados pelo aumento da produção da OPEP+ e pela cautela dos mercados face à trégua comercial temporária entre os Estados Unidos e a China, cuja duração de 90 dias gera dúvidas sobre a possibilidade de um entendimento duradouro.

Os contratos de futuros do petróleo Brent recuaram 11 cêntimos, ou 0,2%, fixando-se em 64,85 dólares norte-americanos por barril, enquanto o crude norte-americano WTI caiu 8 cêntimos, ou 0,1%, para 61,87 dólares, segundo dados recolhidos às 05h10 GMT desta terça-feira.

Ambos os benchmarks haviam encerrado a sessão anterior com uma valorização de cerca de 1,5%, nos maiores níveis desde 28 de Abril, impulsionados pela notícia de que os EUA e a China acordaram uma redução temporária das tarifas comerciais, válida por pelo menos 90 dias.

Apesar do alívio imediato sentido nos mercados, os analistas mantêm reservas quanto à sustentabilidade deste entendimento. “Embora o alívio nas tensões comerciais entre a China e os EUA seja positivo, permanece muita incerteza sobre o que acontecerá após os 90 dias”, indicou o ING num comunicado aos seus clientes.

As divergências estruturais que originaram o conflito comercial continuam por resolver, incluindo o défice comercial dos EUA com a China e a exigência do Presidente norte-americano Donald Trump de que Pequim adopte medidas mais concretas contra a crise do fentanil.

Wang Tao, economista-chefe para a China do UBS, alertou para a “grande incerteza em torno das negociações futuras, dado o fosso substancial entre os dois países em várias questões fundamentais”.

Do lado da oferta, o mercado receia que o aumento da produção por parte da OPEP+ alimente uma nova fase de sobreoferta. O cartel petrolífero e seus aliados terão aumentado a produção em Maio em cerca de 411 mil barris por dia, superando as expectativas iniciais.

“Apesar das preocupações com a procura, os aumentos da oferta planeados pela OPEP+ indicam que o mercado estará bem abastecido até ao final do ano, dependendo da execução efectiva desses planos”, observou o ING.

Por outro lado, sinais de resistência nos mercados de combustíveis refinados impediram quedas mais acentuadas. De acordo com o JP Morgan, embora os preços internacionais do crude tenham recuado 22% desde o pico de 15 de Janeiro, os preços dos produtos refinados e as margens de refinação mantêm-se estáveis.

A redução da capacidade de refinação — sobretudo nos EUA e na Europa — está a provocar um estreitamento nos balanços da gasolina e do gasóleo, aumentando a dependência de importações e expondo o mercado a picos de preços durante períodos de manutenção ou paragens não planeadas.

Dados da LSEG mostram que as margens de refinação complexas em Singapura praticamente duplicaram em Maio, passando de 3,65 USD por barril em Abril para 6,60 USD por barril neste mês.

Apesar do alívio temporário, o mercado petrolífero permanece exposto à volatilidade, alimentada por factores estruturais e geopolíticos que vão muito além das tarifas comerciais entre Washington e Pequim.

Fonte: O Económico

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