No encontro, o secretário-geral, António Guterres, afirmou que os espaços marítimos estão cada vez mais sob pressão de “ameaças tradicionais e perigos emergentes”.

“Sinal de socorro”
Segundo ele, “as rotas marítimas do mundo e as pessoas que dependem delas estão pedindo socorro”.
Guterres citou desafios como a contestação de fronteiras, esgotamento dos recursos naturais no mar, aumento das tensões geopolíticas, competição, conflito e crime.
O líder das Nações Unidas enfatizou que o terrorismo nos mares representa uma “ameaça significativa à segurança internacional, ao comércio global e à estabilidade econômica”.
Ele declarou que o problema está piorando.
Alta de 47,5% em incidentes de pirataria e assalto
De acordo com a Organização Marítima Internacional, OMI, os incidentes de pirataria e assalto à mão armada tiveram forte alta, de 47,5%, no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024.
Na Ásia esses crimes quase que dobraram, especialmente no Estreito de Málaca e em Singapura.
No Mar Vermelho e no Golfo de Áden, os ataques dos houthis a embarcações comerciais interromperam o comércio global e aumentaram as tensões em uma região já volátil.
Guterres lembrou que o Golfo de Áden e o Mar Mediterrâneo continuam sendo alvo do contrabando de migrantes e do tráfico de armas e seres humanos.
Tráfico de drogas e ataques cibernéticos
Ele citou também o Golfo da Guiné, que sofre com pirataria, sequestros, assaltos à mão armada no mar, roubo de petróleo, pesca ilegal, tráfico de drogas, armas e pessoas.
Além disso, a heroína que sai do Afeganistão também chega por via marítima à África Oriental, através do Oceano Índico. Já a cocaína atravessa as costas do Hemisfério Ocidental e o Oceano Atlântico até a África Ocidental e portos europeus.
O secretário-geral adicionou que os ataques cibernéticos são uma ameaça crescente à segurança de portos e companhias de navegação.

Três prioridades
Guterres pediu mais ação dos países no respeito ao direito internacional, tendo a Carta das Nações Unidas e a Convenção sobre o Direito do Mar como “âncoras da segurança marítima” e base para cooperação no combate a crimes no mar.
Ele também pediu reforço de ações para reduzir a probabilidade de que pessoas desesperadas recorram ao crime e a outras atividades que ameaçam a segurança marítima e o ambiente oceânico. Isso inclui apoio a comunidades costeiras empobrecidas para gerar oportunidades de trabalho decente e sustentável.
Por último, o chefe das Nações Unidas pediu o fortalecimento de parcerias entre todos que atuam nos espaços marítimos, incluindo comunidades costeiras, governos, blocos regionais, empresas de navegação, indústrias pesqueira e extrativa, seguradoras e operadores portuários.

Elevação do nível do mar e as condições climáticas extremas
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotaki, declarou que as Nações Unidas estão no centro dos esforços internacionais para proteger e preservar os oceanos.
Ele ressaltou que 80% do volume do comércio internacional é transportado por mar e que além de ameaças como tráfico, terrorismo e pirataria, o setor também enfrenta a elevação do nível do mar e as condições climáticas extremas, que “podem distorcer as operações portuárias e as rotas de navegação”.
A presidente do Conselho de Administração da União dos Armadores Gregos, Melina Travlos, também esteve presente no Conselho de Segurança e afirmou que as embarcações gregas representam mais de 20% da frota global e 61% da frota da União Europeia.
Ela disse que os mares são a “força vital do comércio e da estabilidade globais” e citou um estudo que revela que se o sistema global de transporte marítimo parasse, a economia mundial entraria em colapso em 90 dias.
Fonte: ONU