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A Aeroportos de Moçambique (AdM) encerrou o exercício de 2024 com um prejuízo recorde de 1.531 milhões de meticais (equivalente a 21,9 milhões de dólares), num contexto de quebra operacional, dívidas não liquidadas pela LAM e dificuldades agravadas por manifestações violentas que afectaram a mobilidade aérea no último trimestre do ano.
Resultados Financeiros Deterioram-se Pelo Terceiro Ano Consecutivo
Segundo o relatório e contas consultado pela Lusa, os prejuízos da AdM aumentaram 80,3% face aos 849,5 milhões de meticais registados em 2023 (12,1 milhões de dólares). Já em 2022, os prejuízos haviam sido de 820,5 milhões de meticais (11,7 milhões de dólares). Esta deterioração contínua reflecte um quadro crítico de sustentabilidade financeira.
Manifestações e Cancelamentos Afectam Operações
O último trimestre de 2024 foi particularmente difícil para o sector, devido a uma onda de protestos pós-eleitorais que levaram à destruição de infraestruturas e a restrições de mobilidade. A empresa aponta que esse cenário resultou no cancelamento de voos e impacto negativo directo na receita.
Dívida da LAM Tem “Impacto Catastrófico” nas Contas da AdM
O maior factor de pressão nas contas da AdM continua a ser a dívida acumulada da LAM, que à data de 31 de Dezembro de 2024 ascendia a 2.994 milhões de meticais (42,8 milhões de dólares). O montante corresponde a taxas de aviação, sobretudo a Taxa de Passageiro (43% da receita da AdM), que a transportadora nacional não tem pago de forma regular, segundo o relatório.
A Deloitte, no seu parecer, confirma que esse valor representa o valor estimado a receber, mas alerta para riscos reais de incobrabilidade, agravando a situação da AdM.
Capital Próprio em Território Altamente Negativo
A crise de liquidez e o crescente endividamento da empresa levaram o capital próprio da AdM a afundar-se para -2.793 milhões de meticais (39,9 milhões de dólares), comparado com -1.261 milhões de meticais em 2023 (18 milhões de dólares). Esta situação impede a empresa de aceder a financiamento bancário e cria riscos adicionais à sua sobrevivência.
Tráfego Aéreo Cresce Apesar das Condições Adversas
Paradoxalmente, o tráfego de passageiros registou um crescimento de 4,16% em 2024, totalizando 2.055.435 passageiros. O movimento de aeronaves aumentou 1,5%, para 61.182 voos. Este desempenho foi impulsionado sobretudo pela LAM, que transportou 64% dos passageiros e superou os números de 2019 (pré-pandemia), bem como pela Qatar Airways (5%) e a sul-africana Airlink (10%).
Intervenção Estruturante na LAM: Última Esperança
A empresa Knighthood Global foi contratada em Maio para “estabilizar e reposicionar” a LAM num prazo de três meses, incluindo apoio estratégico na reestruturação financeira e renovação da frota. A medida inclui o envolvimento de novos accionistas públicos — HCB, CFM e EMOSE — com um mandato claro para recuperar a companhia.
O novo presidente da comissão de gestão da LAM, Dane Kondic, assumiu funções com “efeitos imediatos” em Maio, após o afastamento da antiga administração.
Fonte: O Económico
