Por Alfredo Júnior, em Pretória
Milagre Macome, o primeiro treinador a qualificar uma equipa moçambicana a Basketball África League, foi uma das figuras que acompanhou de perto a realização da fase final da quinta edição da Liga Profissional Africana. Mila considerou que a sua estada em Pretória serviu para acompanhar as novas dinâmicas do basquetebol masculino continental.
“O principal objetivo da nossa presença aqui é tentarmos acompanhar as coisas de perto. É sempre bom não perdermos as tendências do basquetebol actual, daquilo que tem sido feito, tecnicamente, a nível do ponto de vista de defesa, de ataque, da estruturação das próprias equipas. Então, é um prazer estar nestas competições. Tivemos o privilégio de ter estado na primeira edição, temos saudades disso e acreditamos que em futuras ocasiões podemos tentar regressar para esta competição que veio alavancar o basquetebol africano, os jogadores africanos, o compromisso, o trabalho, e o modo de preparação dos próprios atletas africanos. Repare uma coisa, que nesta competição nós temos verificado que a equipa do Sudão apresenta 12 jogadores. Então, é fruto das pessoas que perspectivaram, idealizaram este projeto de basquetebol africano”, considerou Milagre Macome.
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Quando convidado a olhar para aquilo que foi a quinta edição, comparando-a com aquilo que foi a primeira presença de um clube Moçambicano, curiosamente o Ferroviário de Maputo pela sua mão, Mila fez uma avaliação que indica o crescimento da BAL e do basquetebol masculino continental.
“A avaliação que fazemos é positiva, realmente há evolução do ponto de vista da organização, da competição em si, o nível de jogador que está envolvido, o nível de treinador que está envolvido. Então, queremos acreditar que veio trazer mais responsabilidade a todos os agentes desportivos, sobretudo do basquetebol, dos treinadores, atletas, e dos dirigentes, a encarar esta competição de uma forma mais profissional. O objetivo desta competição é exatamente esse, é profissionalizar a estrutura do basquetebol e estão de parabéns os que idealizaram este projeto”, considerou o actual treinador do Costa do Sol.
MILA ACREDITA NO REGRESSO
Pelo que viu nesta fase final e pelo conhecimento que tem do basquetebol nacional, Milagre Macome acredita que Moçambique voltará a ter uma equipa apurada para a fase final da Basketball África League, porém apelou ao maior investimento para se alcançar esse objectivo.
“Realmente as coisas não acontecem por acaso, é preciso investimento, é preciso organização, é preciso muito trabalho e por todos os actores, jogadores comprometidos, bem preparados, treinadores qualificados, dirigentes comprometidos, investimento muito forte nas infraestruturas, nas equipas. É possível, mas o caminho neste momento torna-se mais difícil, mas acredito que, tenho confiança que no futuro próximo uma equipa moçambicana poderá voltar para esta competição, o que foi muito mau. Repare, Alfredo, que tenho estado a ser perguntado por pessoas porque Moçambique não está nessas competições. Nós desinvestimos um bocadinho, mas é preciso voltar a investir, é preciso haver uma organização muito grande nas nossas estruturas, é preciso haver mais profissionalismo, porque esta competição é mais profissional também e acredito que no futuro próximo uma equipa moçambicana poderá fazer-se presente”, considerou Milagre Macome.
MABÊ APONTA O QUE DEVE MUDAR PARA VOLTAR A BAL
Quem alinhou no mesmo diapasão foi o treinador da equipa feminina do Costa do Sol, Leonel “Mabê” Manhique, que também marcou presença em Pretória, no âmbito dos trabalhos que tem desenvolvido integrados no projecto Jr. NBA. Mabê considerou que há que melhorar o nível de trabalho que se faz nos masculinos para voltar a marcar presença nesta competição.
“É uma organização de outro nível, um nível acima da média daquilo que são as nossas exigências e a nossa forma de estar em Moçambique, mas o que é positivo é que nós já estivemos lá. Agora o que temos de fazer é continuarmos a trabalhar e, acima de tudo, temos um objetivo no sentido de foco, como temos o caso do Ferroviária da Beira vai para as eliminatórias, tem que se preparar bem a nível local e procurar bons reforços acima de tudo, porque vimos aqui um básico a outro nível, estamos muito longe em termos de nossos equipas, mas não que não podemos conseguir chegar. Podemos conseguir chegar lá com muito trabalho e, acima de tudo, acertamos bons reforços e podemos fazer frente a essas equipes que cá estão.
Mabê que já foi campeão africano de clubes em seniores femininos pelo Ferroviário da Beira considera ser pertinente fazer-se um investimento maior nas equipas masculinas, bem como no nível de competição interna.
“Acredito que Moçambique tem que mudar a sua abordagem em termos de investimentos nos clubes, porque, em termos de organização, já temos uma competição regular em no país principalmente na cidade de Maputo, mas agora, em termos de investimento para chegar a este nível, temos que mudar em termos a abordagem, porque só chega aqui quem investe mais e esta fase é apresenta o basquetebol de África no seu mais alto nível e para chegar aqui é possível só com investimento”, disse Mabê.
Na quinta edição da BAL, vários clubes têm apostado em técnicos africanos de qualidade, como é caso do treinador líbio Abou Chacra Joseph Fouad que foi considerado o Treinador do Ano, após levar a turma do Alahli Tripoli a uma impressionante série de 9 vitórias e uma derrota, na fase da Conferência Nilo e nos ‘play-off’, conduzindo o campeão da Líbia à conquista do título. (LANCEMZ)
Fonte: Lance