A bomba relógio no corpo

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Fonte: Eurofarma

Nas nossas comunidades, a prática da automedicação tornou-se parte do quotidiano.

Basta uma dor de cabeça, febre ou mal-estar para que muitos recorram à farmácia, ao vizinho ou até à barraca do mercado, em busca de um comprimido qualquer que “resolva o problema”.

O que parece uma solução rápida e económica, esconde um risco sério à saúde pública, o consumo descontrolado de medicamentos.

A automedicação, frequentemente vista como um acto inofensivo ou até de responsabilidade pessoal, é, na verdade, uma bomba-relógio silenciosa.

Muitas pessoas tomam remédios com base em experiências anteriores, conselhos de amigos ou indicações de pessoas, sem qualquer orientação médica.

Antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos, são usados de forma indiscriminada, muitas vezes, sem que o doente saiba exactamente o que está a tomar, em que dose ou por quanto tempo, e o resultado desta ação, são as doenças mascaradas, reacções adversas graves e, num cenário ainda mais alarmante, o aumento da resistência bacteriana, tornando algumas infecções comuns cada vez mais difíceis de tratar.

Infelizmente, o acesso à saúde em muitas regiões do país ainda é limitado, as longas filas nos centros de saúde, a escassez de profissionais e a distância geográfica fazem com que muitas pessoas prefiram medicar-se por conta própria.

Em paralelo, a fiscalização da venda de medicamentos continua frágil. Nos mercados informais, é possível comprar comprimidos por unidade, sem qualquer receita, sem controlo de qualidade e sem informação sobre efeitos colaterais, mesmo em algumas farmácias formais, a exigência de receita médica é muitas vezes ignorada.

Este cenário, evidência uma ausência grave de educação para a saúde, falta informação clara e acessível para que a população compreenda os riscos da automedicação.

O problema não se resolve apenas com a proibição da venda informal, mas sim com políticas públicas sérias que aproximem o cidadão do sistema de saúde, promovam a literacia em saúde e incentivem o uso responsável de medicamentos.

É necessário que a sociedade moçambicana perceba que tomar remédios sem orientação é mais do que um hábito arriscado, é tambem uma ameaça à vida.

O corpo humano não é uma máquina que se pode reparar com peças sobressalentes mal escolhidas. Cada comprimido tomado sem critério é uma aposta perigosa com a própria saúde, Por isso, é urgente quebrar o ciclo da desinformação, criar mecanismos de controlo mais rígidos e, acima de tudo, sensibilizar para o facto de que cuidar da saúde começa com escolhas conscientes.

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