Lula Enfrenta Trump com Discurso Soberanista e Chama Tarifas de “Chantagem Inaceitável”

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O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, endureceu o tom contra o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Classificando a acção de Washington como “chantagem”, Lula promete defender a soberania do país e regulamentar as grandes plataformas digitais norte-americanas.

A tensão entre Brasília e Washington ganhou novos contornos após o Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com entrada em vigor prevista para Agosto. A medida, justificada pelo tratamento atribuído ao ex-presidente Jair Bolsonaro e por alegadas práticas comerciais injustas do Brasil, foi recebida com firme rejeição por parte do Presidente Lula da Silva.

Durante dois discursos distintos no dia 17 de Julho — um em Goiás, junto de activistas estudantis, e outro em cadeia nacional de rádio e televisão — Lula não poupou críticas: “Nenhum estrangeiro vai dar ordens a este presidente”, disse, recorrendo ao termo “gringo”, frequentemente usado no Brasil para designar estrangeiros de forma informal.

Lula acusou os EUA de promoverem uma chantagem “na forma de ameaças às instituições brasileiras e informações falsas sobre o comércio bilateral”. Acrescentou ainda que, em Maio, o Brasil enviou uma proposta de negociação comercial aos EUA, que não mereceu resposta.

Tecnologia e Soberania Digital em Pauta
O Presidente brasileiro aproveitou o momento para expandir o seu discurso soberanista para o domínio digital, anunciando que o Brasil irá avançar com a regulamentação e tributação das grandes plataformas tecnológicas norte-americanas. Acusou as empresas de disseminarem violência e desinformação sob o pretexto da liberdade de expressão.

“Essas plataformas são canais de violência e de notícias falsas disfarçadas de liberdade”, afirmou, sinalizando uma aproximação às propostas legislativas que tramitam no Congresso brasileiro para responsabilizar plataformas pela disseminação de conteúdos prejudiciais.

Diplomacia e Possíveis Retaliações
Apesar do tom duro, o governo brasileiro mantém canais diplomáticos abertos. O Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou à CNN Brasil que Lula está disposto a dialogar com Trump, caso as “circunstâncias o permitam”. Ao mesmo tempo, Brasília estuda medidas retaliatórias em caso de fracasso nas negociações com os EUA, articulando-se com sectores industriais e exportadores afectados.

Lula, actualmente no seu terceiro mandato presidencial, viu a sua popularidade começar a recuperar após este episódio, numa demonstração de que o discurso firme perante Washington encontrou eco junto de sectores nacionalistas e industriais brasileiros.

O embate entre Lula e Trump marca uma nova fase nas relações Brasil-EUA, agora marcadas por uma retórica de confronto, tensões comerciais e afirmação de soberania. Mais do que um simples episódio tarifário, o caso sinaliza um reposicionamento do Brasil no xadrez global, com efeitos tanto na economia quanto na política externa.

A forma como os dois líderes irão gerir este impasse poderá ter consequências mais amplas sobre o comércio internacional, a governança digital e o papel das economias emergentes perante o unilateralismo norte-americano.

Fonte: O Económico

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