Chissano apela ao regresso aos ideais das lutas de libertação na cimeira da África Austral

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O antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, apelou aos movimentos de libertação da África Austral para regressarem aos ideais que inspiraram as lutas pela independência. Falando durante a Cimeira dos Movimentos de Libertação, que decorre desde sábado em Kempton Park, província de Gauteng, na África do Sul, Chissano defendeu uma maior aproximação às populações e a necessidade de corrigir erros de governação.

A reunião junta partidos históricos como o ANC da África do Sul, ZANU-PF do Zimbabué, CCM da Tanzânia, FRELIMO de Moçambique e MPLA de Angola. Joaquim Chissano tem sido uma das figuras em destaque no encontro.

No seu discurso, o antigo estadista reconheceu que estes movimentos têm demonstrado sinais de fraqueza, o que tem contribuído para falhas na liderança.

“É crucial reconhecermos que, ao longo do tempo, cometemos erros. Em muitos dos nossos países, assistimos ao enfraquecimento das instituições democráticas, ao crescente afastamento entre partidos e cidadãos, à apropriação de recursos públicos por interesses privados e à intolerância em relação a vozes dissidentes. Em nome da unidade, silenciamos as vozes críticas. Em nome da estabilidade, fechamos espaços de renovação. Em nome da continuidade, não criamos espaços para a participação ativa dos jovens e das mulheres nos processos de decisão.”

Chissano defende uma mudança urgente e a necessidade de renovar os mecanismos de governação. “Sabemos que a tecnologia avançou e nós não a acompanhamos. Por isso, as nossas ferramentas de combate precisam de ser revistas. E a forma como nos ligamos também precisa de ser revista. Graças a Deus, estamos numa região que fez coisas muito importantes para cooperar.”

O ex-chefe de Estado exortou ainda os líderes africanos a retomarem o espírito original de servir o povo, sublinhando que a união entre os dirigentes pode ser chave para ultrapassar os desafios actuais.

“Sem esquecer apenas uma coisa: estamos a trabalhar para o povo. Na verdade, nós somos o povo. Não é que tenhamos outro povo. Temos de nos lembrar que nascemos do povo e que devemos permanecer com ele. É a única coisa que temos de nos lembrar. Assim, adaptámos a forma de atingir este objetivo de melhorar a vida do nosso povo. Como o fazemos nas circunstâncias que temos hoje? Não há desvio se pensarmos dessa forma.”

A cimeira deste ano tem como foco a procura de soluções para enfrentar a crise económica no continente. A delegação moçambicana conta também com a presença do Secretário-Geral da FRELIMO.

Fonte: O País

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