Conselho Universitário propõe futuro da Unilúrio e Chapo vai decidir

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Há 10 candidatos que passaram no apuramento parcial. Esta quarta-feira, o Conselho Universitário reúne-se para eleger apenas três nomes a serem submetidos à Presidência da República de onde sairá o próximo reitor. Actual reitora quer mais um mandato e enfrenta muitos candidatos fortes

Em 2006 nascia a Universidade Lúrio (Unilúrio) num contexto em que o Governo sob direcção de Armando Guebuza entendeu que era hora de descentralizar o ensino superior para permitir maior acesso por parte de jovens de todas as regiões de Moçambique. Nasceram assim universidades públicas regionais para quebrar o “monopólio” da Universidade Eduardo Mondlane, no Sul. O Centro ficou com a Universidade Licungo e o Norte, a Unilúrio e a UniRovuma.

O Professor Doutor Jorge Ferrão foi o primeiro reitor da Unilúrio e destacou-se na construção de uma universidade que só existia no decreto e no campus azul, construído de raíz no periférico bairro de Marrere, na cidade de Nampula. Com uma visão do mundo, Ferrão levantou o nome daquela universidade; em 2007 quando a Faculdade de Ciências de Saúde inaugurou os cursos de licenciatura (foi o curso pioneiro) apenas tinha 14 memorandos de entendimento com instituições nacionais e internacionais para a pesquisa, docência e mobilidade. Em 2012, atingiu o pico com 56 e, actualmente, apenas cinco estão activos, sendo que muitos expiraram e não foram renovados.

A Unilúrio deu um salto qualitativo e quantitativo ao longo destes 19 anos, ao sair de 140 estudantes, em 2007, para 4888, em 2025. O corpo docente era de 14 quando iniciou a leccionação e hoje conta com 393. Projectos como “Um estudante – uma família” trouxeram uma nova dinâmica na ligação entre o ensino e a extensão, onde cada estudante que ingressa na Faculdade de Ciências de Saúde é responsável por cuidar da saúde de uma família nas cercanias do campus de Marrere e não só.

De 2015 a 2020 houve uma consolidação da imagem e credibilidade daquela universidade pública com Francisco Noa como reitor, até ao momento que passou o bastão à Professora Doutora Engenheira Leda Hugo – que está com o mandato terminado.

ONDA DE CONTESTAÇÕES

A Universidade Lúrio conta com sete unidades orgânicas, sendo a Faculdade de Ciências de Saúde em Nampula; a Faculdade de Engenharia, em Pemba; a Faculdade de Ciências Naturais, em Pemba; a Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico, em Nampula; a Unilúrio Business School, em Nampula; a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, na Ilha de Moçambique e a Faculdade de Ciências Agrárias, em Sanga, no Niassa.

A Faculdade de Ciências de Saúde foi, nestes últimos cinco anos, o rosto de uma onda de contestações que levaram os estudantes às ruas, no ano passado. Há duas questões de fundo: estudantes sem aulas de práticas médicas devido ao não pagamento de médicos especialistas do Hospital Central de Nampula, que prestam acompanhamento aos estudantes nas aulas de práticas médicas que são parte integrante do curso.

Por outro lado, a falta de docentes por não pagamento dos seus ordenados, que levaram estudantes de cursos como Enfermagem (pós-laboral) a não terem aulas durante todo o segundo semestre do ano passado.  

“Não há pagamento de salários até hoje. Na semana antepassada, estudantes do 5º ano foram expulsos do Hospital Central, por falta de pagamento e de contratos dos docentes-supervisores”, disse uma fonte ligada àquela Universidade. Os estudantes de Medicina, que deviam estar a fazer estágio, estão sentados em casa, por falta de pagamento dos docentes-supervisores especialistas, acrescentou a mesma fonte.    

A situação na Universidade Lúrio é tão grave de tal forma que os candidatos que concorreram para o ano académico 2025 para a Faculdade de Ciências de Saúde e que foram apurados no segundo exame a que foram submetidos ainda não iniciaram as aulas.

A questão de fundo é que a actual reitora quando entrou cortou os pagamentos aos médicos especialistas do Hospital Central porque entende que os mesmo não podem ser pagos com o orçamento do Estado, atendendo que já têm um vínculo com o Hospital Central de Nampula que tem estatuto de hospital quaternário ou hospital-escola.

Este ano, a Unilúrio tem uma subvenção do Estado de 817.200.000,00 MZN (oitocentos e dezassete milhões e duzentos mil meticais).

QUEM SERÁ O PRÓXIMO REITOR?

Julho e Agosto são determinantes para o futuro da Unilúrio. Leda Hugo, actual reitora, submeteu a sua candidatura em meio a muito descontentamento. O lema do seu plano de governação 2025-2030 é “fazer bem, o bem”.

A maior parte dos candidatos são da velha guarda, por isso destacam-se duas candidaturas jovens: a de Serafino Mucova e Palmira Rapissone. 

Serafino Mucova (37 anos de idade, natural de Gurúè, na Zambézia). É quadro da Unilúrio desde 2014. Pós-doutorado em Gestão de Mudanças Climáticas na Universidade de Humburg – Alemanha. Doutorado em Biologia e Ecologia das Alterações Globais pela Universidade de Aveiro em parceria com a Universidade de Lisboa. Mestrado em Ciências do Ambiente na Universidade Europeia/Espanha e licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade de Lúrio.

Dentre as pesquisas de destaque, consta a referente ao Aumento das Águas do Mar na Costa de Cabo Delgado, onde concluiu na costa de Moçambique as águas do mar estão a aumentar de forma mis agressiva se comparado com outras regiões do mundo, com um aumento de de 0.50 milímetros/ano, o que significa que até 2050 as águas do mar vão engolir 69 dos 450 quilómetrosda linha de costa de Cabo Delgado.  

Avança com o suporte da Faculdade de Ciências Naturais.    

Palmira Rapissone (36 anos, natural da cidade de Nampula). Doutorada em Ciências da Comunicação pela Universidade Católica de Moçambique; Mestre em Gestão de Marketing e Comunicação Empresarial pela mesma universidade; licenciada em Estudo de Desenvolvimento pela A Politécnica, em Nampula. 

Dos trabalhos de destaque, destaca-se uma pesquisa sobre estratégia de Comunicação usada na prevenção da cólera no distrito de Monapo.

No dia 29, quarta-feira, o Conselho Universitário vai-se reunir para, dentre vários aspectos, apresentar o relatório dos últimos cinco. No dia 30, volta a reunir-se para a eleição de três nomes, dos 10 pré-aprovados, para serem submetidos ao Presidente da República que deverá escolher um em Agosto.

De acordo com os estatutos da Universidade Lúrio, o Conselho Universitário é composto por 30 membros (incluíndo o reitor e vice-reitores); os directores das unidades de ensino, centros de investigação, representantes dos estudantes, representantes dos professores, representantes dos assistentes universitários, representantes dos investigadores, representantes do corpo técnico-administrativo, representante do Governo central e da sociedade civil.

Fonte: O País

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