Soberania Medicamentosa: País Quer Quebrar Dependência Externa de Medicamentos

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Por: Alfredo Júnior

O Governo moçambicano reafirmou a sua aposta na produção nacional de medicamentos, como parte de uma estratégia para reduzir a dependência externa e reforçar a soberania sanitária do país. A intenção foi recentemente reiterada pelo Presidente da República, Daniel Chapo, que destacou o envolvimento de investigadores e investidores, tanto nacionais como estrangeiros, na concretização deste plano.

Nos últimos anos, Moçambique tem dado sinais claros de querer avançar com mais autonomia na área farmacêutica. A Fábrica Nacional de Medicamentos, localizada na Matola, tornou-se o principal símbolo dessa ambição. Inaugurada em 2015, a unidade tem capacidade para produzir mais de um bilião de doses por ano, cobrindo cerca de 85 medicamentos essenciais, incluindo antibióticos, antiepilépticos, anti-hipertensivos e vitaminas.

O reconhecimento internacional não tardou. Em 2024, a fábrica obteve certificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), abrindo espaço para a exportação de medicamentos e o reforço do controlo de qualidade no mercado interno. Para o Governo, este é um passo fundamental para garantir maior segurança sanitária, combater a circulação de produtos falsificados e impulsionar o sector industrial nacional.

Ainda assim, os desafios são notórios. Segundo o Ministério da Saúde, Moçambique tem medicamentos suficientes para cobrir os próximos seis a nove meses, mas persistem dificuldades logísticas na distribuição, especialmente em zonas rurais e de difícil acesso. A escassez de profissionais especializados, a limitação da capacidade industrial e a concorrência de importações mais baratas são outros obstáculos que o país procura ultrapassar.

A continuidade da produção nacional também depende da criação de políticas públicas consistentes, capazes de integrar a indústria farmacêutica na estratégia económica do país. Neste sentido, estão em curso parcerias com empresas internacionais e iniciativas para alargar a produção a outros segmentos, incluindo vacinas contra doenças como a malária e a cólera.

O Governo acredita que, com vontade política, apoio técnico e visão estratégica, Moçambique poderá afirmar-se como um produtor relevante de medicamentos na região. O caminho é exigente, mas a direcção está definida: produzir mais dentro de portas para depender menos lá fora.

 

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