Em 27 de julho, o presidente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e chefe de Estado moçambicano pediu, em Joanesburgo, a união dos “partidos libertadores” da África austral contra a extrema-direita que quer levar ao poder “governos fantoches”.
“Vamo-nos unir mais como um único bloco para enfrentarmos a ameaça que paira sobre os nossos partidos libertadores”, afirmou Daniel Chapo, presidente da Frelimo, no poder desde 1975, ao intervir na Cimeira dos Movimentos de Libertação, promovido pelo Congresso Nacional Africano (ANC), da África do Sul.
“De forma crescente, assistimos à intensificação do apoio a grupos chauvinistas da extrema-direita que recorrem às redes sociais, à Inteligência Artificial, entre outras plataformas, para difundir a desinformação através de discursos populistas de ódio e desqualificação das realizações dos nossos governos e das conquistas dos nossos povos”, alertou Chapo.
Hoje, Mondlane apelou ao Presidente moçambicano para avançar com uma reflexão interna no seu partido, a Frelimo, sobre a gestão da coisa pública, incluindo as necessidades das populações e o crescimento dos vários crimes como os principais “inimigos” dos partidos libertadores, rejeitando, por isso, a alegada influência imperialista nos protestos populares.
“Como é que estes partidos libertadores vão aqui falar de imperialismo? Os raptos e sequestros são feitos pelos imperialistas? Os crimes que estão a acontecer agora, (…) isso é problema do imperialismo? O roubo de votos que é feito nos últimos 30 anos é feito pelo imperialismo? É um discurso totalmente absurdo, medíocre, extremamente triste e que até envergonha a juventude”, disse Mondlane.
Venâncio Mondlane também acusou o Governo dirigido pela Frelimo de causar isolamento diplomático de Moçambique na comunidade internacional com a contração das dívidas, levando mais gente à pobreza “por causa da má gestão”.
“Se a gente falar do imperialismo e do neocolonialismo, vamos perceber que quem trouxe este imperialismo é a própria Frelimo. Na década de 80 quem teve o primeiro acordo com o Banco Mundial e o Fundo Mundial Internacional? É a Frelimo”, apontou o ex-candidato presidencial.
Moçambique viveu desde as eleições de 09 de outubro de 2024 um clima de agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder, como quinto Presidente. Pelo menos 400 pessoas morreram nos protestos.
O Ministério Público (MP) moçambicano acusou Mondlane de ter apelado a uma “revolução” nos protestos pós-eleitorais, provocando “pânico” e “terror” na população, responsabilizando-o pelas mortes e por mergulhar o país no “caos”.
No despacho de acusação, o MP recorre, como grande parte da prova, aos apelos à contestação, greves, paralisações e de mobilização para protestos feitos nos diretos de Venâncio Mondlane nas redes sociais, ao longo das várias fases da contestação ao processo eleitoral de 2024 em Moçambique.
O MP imputa a Mondlane a “autoria material e moral, em concurso real de infrações”, os crimes de apologia pública ao crime, de incitamento à desobediência coletiva, de instigação pública a um crime, de instigação ao terrorismo e de incitamento ao terrorismo.
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Fonte: Notícias ao Minuto