Por: Alfredo Júnior
A África do Sul anunciou que não irá retaliar contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos da América, optando antes por uma abordagem diplomática para manter e reforçar as relações comerciais bilaterais. A informação foi avançada pelo ministro sul-africano do Comércio, Indústria e Concorrência, Ebrahim Patel, citado por vários meios de comunicação, incluindo o portal Notícias ao Minuto.
A decisão surge num momento de tensão no comércio internacional, após os EUA terem introduzido novas tarifas sobre a importação de produtos sul-africanos, alegando preocupações de natureza política e económica. Apesar disso, o governo de Pretória manifestou a intenção de aprofundar o diálogo com Washington e propôs, inclusive, a formalização de acordos de cooperação em diversos sectores estratégicos, como energia, indústria automóvel, agricultura e novas tecnologias.
Segundo Ebrahim Patel, a prioridade da África do Sul é preservar o Acordo de Crescimento e Oportunidade para África (AGOA), uma iniciativa dos EUA que permite a entrada de determinados produtos africanos no mercado norte-americano isentos de tarifas. O ministro sublinhou que o país reconhece a importância deste instrumento para o desenvolvimento económico da região e que pretende assegurar a sua continuidade para além de 2025, ano em que termina o actual ciclo do AGOA.
O gesto de moderação da África do Sul é visto por analistas como uma estratégia para não comprometer o seu acesso privilegiado ao mercado dos EUA e proteger milhares de empregos que dependem do sector exportador. Além disso, sinaliza o interesse do governo sul-africano em manter boas relações com um dos seus principais parceiros comerciais, ao mesmo tempo que lida com pressões internas e externas para reposicionar a sua diplomacia económica.
A decisão de não retaliar também pode ser interpretada como um recado indirecto a outras potências emergentes com quem o país mantém laços estratégicos, nomeadamente no contexto dos BRICS. Ao escolher o caminho da negociação, a África do Sul mostra que pretende preservar um equilíbrio pragmático nas suas alianças internacionais.
Nos próximos meses, delegações técnicas de ambos os países deverão reunir-se para discutir a renovação do AGOA e explorar novos mecanismos de cooperação que tragam ganhos mútuos. Para já, a África do Sul reafirma o seu compromisso com uma ordem comercial baseada em regras, diálogo e respeito mútuo.
