LAM Avança com Concurso Internacional para Aluguer de Cinco Aeronaves em Regime de Wet Lease

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A Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) lançou um concurso público internacional para o aluguer de até cinco aeronaves em regime de curta duração, como parte de um plano estratégico de revitalização da empresa. A iniciativa pretende responder à crescente procura por transporte aéreo no país e na região, impulsionada pelos megaprojectos nos sectores de energia, petróleo e gás, bem como pela retoma da indústria do turismo.

Num anúncio que marca mais um passo na tentativa de resgatar a LAM da sua prolongada crise operacional, a companhia aérea estatal moçambicana informou que está à procura de fornecedores interessados em providenciar aeronaves através do modelo de wet lease, ou seja, com tripulação, manutenção e seguro incluídos. O concurso, identificado com o número MZ-LAM-B-P009-CP-2025, decorre até 22 de Agosto e está aberto a empresas nacionais e estrangeiras, desde que estas cumpram requisitos técnicos, legais e financeiros previamente definidos.

Segundo o comunicado oficial, o aluguer temporário de aeronaves surge como parte integrante do plano de investimentos da LAM, que combina medidas de curto, médio e longo prazo. A companhia sublinha que a decisão é motivada pela crescente procura de serviços aéreos no mercado nacional e regional, sobretudo como resposta à expansão dos megaprojectos de infra-estruturas e energia, bem como à revitalização do turismo. A contratação visa igualmente melhorar a experiência dos passageiros e aumentar a eficiência da operação.

A medida ocorre num contexto mais amplo de reestruturação profunda da empresa. Em Maio, o Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) anunciou o afastamento da anterior administração e a nomeação de uma comissão de gestão liderada por Dane Kondic. Em paralelo, a estrutura accionista da LAM foi reforçada com a entrada da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), dos Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e da Empresa Moçambicana de Seguros (EMOSE) como novos parceiros estatais estratégicos.

A assessoria técnica do processo está a cargo da consultora Knighthood Global, contratada para implementar, num horizonte de três meses, uma estratégia de estabilização e reposicionamento da LAM. Em Junho, a consultora lançou um concurso específico para o aluguer de até cinco aviões Boeing 737-700, o que demonstra a celeridade imposta às decisões operacionais e a prioridade dada à recuperação da capacidade de transporte.

Contudo, a opção por wet lease, embora eficaz no curto prazo, levanta questões sobre sustentabilidade financeira. Este tipo de contrato, ao incluir todos os custos operacionais da aeronave, implica tarifas mais elevadas do que as soluções de aluguer tradicional (dry lease), limitando assim as margens de actuação da companhia. Economistas e especialistas em aviação apontam que, sem um plano estruturado de controlo de custos e aumento de receitas, a LAM corre o risco de comprometer a sua solvência futura com soluções meramente paliativas.

Por outro lado, o alinhamento da estratégia da LAM com os sectores-chave da economia nacional — gás natural, energia e turismo — sugere um esforço coordenado para transformar a companhia aérea num activo logístico e económico relevante para Moçambique. A retoma da mobilidade aérea é vista como catalisadora de investimentos, integração territorial e ligação entre centros de desenvolvimento industrial e zonas periféricas.

O sucesso da iniciativa dependerá, no entanto, da articulação entre a resposta de emergência e a construção de uma nova cultura de gestão. A nomeação de um conselho de administração não executivo, composto por representantes dos novos accionistas, pode abrir espaço para uma governação mais profissionalizada e menos sujeita a ciclos políticos.

No horizonte, a LAM enfrenta o desafio de mostrar resultados tangíveis. A recuperação da confiança do público, dos parceiros e dos reguladores exigirá mais do que aviões alugados: exigirá compromisso com a eficiência, previsibilidade nas operações, integridade nos processos e uma visão de futuro coerente com o papel que Moçambique deseja que a sua aviação desempenhe no desenvolvimento nacional.

Fonte: O Económico

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