Mais de 1.300 alunos percorrem 16 km para frequentar a escola em Chongoene

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As longas distâncias continuam a ser um dos principais obstáculos ao acesso à educação na província de Gaza, especialmente nos distritos do norte e extremo sul. No norte destacam-se Chigubo, Massingir e Mabalane, onde as comunidades chegam a estar entre 10 e 16 quilómetros da escola mais próxima.

No distrito de Chongoene, a situação é igualmente crítica. Mais de 1.300 alunos são obrigados a percorrer cerca de 16 km por dia até à Escola Secundária de Bungane, devido à ausência de uma infraestrutura escolar na localidade de Nhacutse.

Hélio Carlos e Lina Manuel, alunos da comunidade, relatam o sacrifício diário. “Acordamos às 5h30 e chegamos à escola às 7h. Mesmo assim, às vezes ainda chegamos atrasados”, contam.

A situação preocupa os pais e encarregados de educação, muitos dos quais não têm condições financeiras para garantir transporte. A maioria dos alunos faz o trajeto a pé, o que resulta em atrasos frequentes e baixo rendimento escolar.

“Para um cidadão que não tem recursos, quando o filho começa a ter dificuldades, a única saída é abandonar os estudos. A maioria aqui vive apenas do trabalho na machamba”, lamenta Artur Pedro, representante dos pais em Nhacutse.

Segundo ele, a desmotivação e o abandono escolar aumentam a cada ano. “Até os que eram mineiros já não conseguem pagar as despesas escolares. Não sabemos até quando vamos esperar por uma escola secundária aqui”, questiona.

O setor da educação em Gaza reconhece o problema, mas justifica a ausência de investimentos com a baixa densidade populacional.

“Temos comunidades com cerca de 15 alunos, o que não justifica a construção de uma escola de raiz”, explicou Raquelija Da Glória, porta-voz da Direção Provincial de Educação em Gaza.

Como solução, o setor propõe a implementação do ensino à distância nessas comunidades. “Estamos a sensibilizar os alunos e as famílias para aderirem ao ensino secundário à distância, que pode ser uma alternativa viável nestas zonas remotas”, acrescentou.

Além da distância, os mais de 800 alunos que ainda estudam em Nhacutse enfrentam há mais de dez anos condições extremamente precárias, com salas de aula degradadas. O Conselho da Escola denuncia que a situação se deve ao desvio de contribuições feitas pela própria comunidade.

A população exige medidas urgentes por parte das autoridades para garantir o direito básico à educação.

Fonte: O País

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