AGRA Mobiliza Juventude Para Transformar Agricultura em Pilar de Crescimento Económico em Moçambique

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Com os olhos postos em 2028, a AGRA aposta na juventude como força motriz para transformar a agricultura moçambicana, impulsionar o desenvolvimento económico e consolidar a soberania alimentar do país. O plano é ambicioso: criar um milhão de empregos e converter o agro numa via atractiva, moderna e lucrativa para as novas gerações.

Mais de 70% da população moçambicana depende da agricultura para a sua subsistência. No entanto, é entre os jovens que se encontra a energia, criatividade e potencial para reconfigurar o sector agrícola como eixo estruturante do desenvolvimento económico do país.

A AGRA — Aliança para uma Revolução Verde em África — em parceria com o Governo e com o apoio financeiro da Fundação Mastercard, desenhou uma estratégia orientada para a juventude que visa criar um milhão de empregos até 2028. Só na fase inicial, o projecto prevê integrar 200 mil jovens em cadeias agro-alimentares, com foco em capacitação técnica, acesso a financiamento, irrigação, mecanização e tecnologias digitais.

“Há oportunidades de negócio e criação de emprego em toda a cadeia — da produção à mesa”, afirma Litos Raimundo, Director da AGRA em Moçambique. “Com formação, financiamento adaptado e um ambiente regulatório propício, os jovens podem ser protagonistas da nova agricultura.”

Contudo, a realidade ainda está marcada por obstáculos estruturais. Acesso limitado à terra, crédito escasso, juros altos e falta de formação em gestão agrícola e empresarial continuam a afastar muitos jovens da actividade rural. “É preciso mudar a percepção de que a agricultura é sinónimo de pobreza. É preciso mostrar que é possível fazer dinheiro e criar emprego neste sector”, defende Raimundo.

Para mitigar estas barreiras, a AGRA propõe soluções específicas: criação de linhas de crédito bonificado, parcerias com instituições como o Access Bank e a GAPI, e reforço dos serviços de extensão rural. A organização também tem promovido convenções regionais com jovens para escutar directamente as suas preocupações e construir respostas realistas e mobilizadoras.

A estratégia da AGRA está ancorada em três corredores produtivos — Nacala, Beira e Vale do Zambeze — seleccionados com base na sua importância agrícola, conectividade regional e potencial de exportação. “Estamos a trabalhar com os governos provinciais e com os ministérios da Agricultura, Juventude e Economia para garantir um ambiente legal e institucional que favoreça o agro-empreendedorismo jovem”, refere o Director.

O uso da tecnologia é outra peça central do plano. A aposta passa por promover soluções digitais para previsão climática, ligação entre produtores e mercados, e gestão agrícola. “Os jovens têm facilidade na adopção tecnológica. Muitos já usam plataformas móveis para vender produtos e ligar mercados. Isso abre espaço para inovações como apps de apoio à decisão agrícola ou plataformas de comércio digital rural”, acrescenta.

A visão da AGRA não se limita ao mercado interno. Moçambique poderá reduzir substancialmente a importação de alimentos básicos como milho, arroz e soja, e posicionar-se como fornecedor regional. “Com a extensão agrária, o melhoramento das sementes e o engajamento dos jovens, podemos ser auto-suficientes e até exportar”, acredita Raimundo.

Para isso, será necessário consolidar políticas públicas consistentes, investir em infra-estruturas rurais, reduzir custos de produção e garantir acesso a insumos e mercados. O engajamento do Parlamento, dos reguladores e dos parceiros internacionais será determinante.

“Não basta traçar metas, é preciso implementar medidas concretas, criar legislação favorável, bonificar taxas, garantir o acesso à terra e ao crédito. Só assim os jovens poderão ser actores efectivos da transformação agrícola de Moçambique”, conclui o responsável da AGRA.

Num país jovem, com vastas extensões de terra fértil e desafios de segurança alimentar, a agricultura poderá deixar de ser um sector de sobrevivência para se afirmar como sector estratégico de crescimento económico, emprego e inclusão social. E a juventude moçambicana poderá, finalmente, colher os frutos da terra que lhe pertence.

Fonte: O Económico

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