Refugiados de Maratane beneficia de serviços de saúde modernizados

0
6
Os refugiados que estão no Centro de Maratane vivem situações de crise devido à falta de alimentação e outras necessidades básicas para sobrevivência. Os mesmos relatam situações preocupantes, mas que foram minimizadas com a alocação de um serviço especializado de reabilitação para portadores de deficiência ou pacientes que necessitem de consultas desta natureza, no Centro de Saúde de Maratane

A crise humanitária provocada pelas guerras em muitos países africanos empurrou milhares de pessoas para a situação de refugiados. No centro de refugiados em Nampula não só cruzam-se pessoas, como também encontramos histórias de drama, superação e indefinição.

É o caso de Kilamwina Ngombe, de 64 anos, que deixou a sua terra natal, Congo, em 2013, depois de perder o marido e o filho de 28 anos, vítimas do conflito armado entre Ruanda e Congo.

Conta que quando perdeu o marido, estava um pouco abalado, contando que o filho a pudesse ajudar, mas agora perdeu mais um filho.

Agora deixou três filhos para trás e conseguiu fugir apenas com a mais nova, que na altura tinha 13 anos. Hoje, com 25 anos, essa filha tem 4 crianças, sendo que uma delas sofreu danos há cinco anos, depois de ter apanhado meningite e malária cerebral.

Com o corte de apoios por parte da Agência das Nações Unidas para os Refugiados, ACNUR, a vida no centro de refugiados de Maratane, em Nampula, tornou-se muito complicada para muitos. 

É por isso que aqui a prostituição é elevada, porque os refugiados estão a sofrer, uma vez que nesse tempo não tem comida, não capinam e não tem o que comer. Por isso, uma mãe que se respeita, vai procurar um marido para poder ter comida, é uma vergonha o que está a acontecer”, contou, Kilamwina Ngombe.

Mwamini Ataya é outra congolesa que carrega traumas do conflito armado, mas o maior drama é de ver o neto de 8 anos a perder a visão progressivamente a cada dia. O diagnóstico feito no Hospital Central de Nampula diz que o problema só pode ser solucionado fora do país.

“Até ela costuma pedir para eu orar e pedir a Deus para dar a benção dele abrir o olho, para poder ver. Isso me doi na alma e no coração”, conta Mwamini Ataya, congolesa que está a requerer asilo no país.

A ACNUR tem conhecimento das dificuldades por que passam muitos refugiados e dá a entender que a conjuntura política global não é favorável neste momento.

José Catunda, chefe do escritório da ACNUR no Norte de Moçambique, diz que há uma tentativa de ajudar os refugiados e todas as comunidades. “Passou o desafio do ACNUR, o desafio também que a comunidade humanitária também está confrontada. E nós achamos que estamos a tentar contribuir para ver que nós avançamos, que nós continuamos também a apoiar, não só apoiar os refugiados, mas também apoiar a comunidade”, disse.

No Centro de Saúde de Maratane há muito que se clamava por um serviço especializado de reabilitação para portadores de deficiência ou pacientes que necessitem de consultas desta natureza. Esta terça-feira, finalmente, foi inaugurado um centro para esse propósito.

“Em 2024, até agora, assistimos mais ou menos 180 pessoas que estão a seguir serviços de fisioterapia, terapia da fala, terapia ocupacional, ortoprotesia, que estão sendo assistidos aqui. Antes, eles era assistidos em Nampula”, revelou Eduardo Machava, da “Humanity & Inclusion”.

O Centro de Refugiados de Maratane conta, neste momento, com 7.839 pessoas provenientes, na sua maioria, do Congo, Burundi, Ruanda e Somália.

Fonte: O País

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!