Por Alfredo Júnior, em Abidjan
Mesmo antes de terminar a competição e tendo em conta que após perder com o Mali por 86-68 Moçambique já havia falhado o seu objectivo, o LanceMZ abordou ao ‘coach’ Nelito que reconheceu esse facto.
“De facto, era esse o nosso objetivo e vontade e, acima de tudo, aquilo que trazíamos como foco também. Mas o jogo não nos correu muito bem, entramos de maneira diferente, queríamos uma melhor concentração na equipa, mas não conseguimos ter a equipa concentrada no primeiro quarto. Olhando para os quartos, conseguimos estar próximos, mas a diferença pontual da primeira parte fez a diferença. Em termos estatísticos, e continuando naquilo que é o poderio desta seleção do Mali, voltaram a ter uma eficiência bastante alta na zona pintada. Isso demonstra uma certa qualidade, hegemonia e, acima de tudo, aquilo que tem sido o jogo anterior desta seleção nacional”, analisou Nasir Salé.
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Mais uma vez, pelo terceiro AfroBasket que nós participamos, não conseguimos chegar às meias-finais. Como é que olha para isto? Onde é que está o déficit do nosso basquetebol para conseguimos ultrapassar esta barreira? Questionamos aos seleccionador nacional ao que respondeu:
“Temos que continuar a trabalhar, pensar naquilo que é o basquete moderno, naquilo que é o nosso investimento, quer a nível de clubes, quer a nível de seleção nacional e olharmos e seguir em frente e começarmos a pensar que o próximo AfroBasket tem de ser preparado a partir de agora, em função daquilo que é a nossa perspetiva, mas há que melhorar drasticamente muitos fatores”, disse Nasir Salé a começar a sua analise para depois acrescentar “e esses fatores passam por realmente melhorarmos a qualidade das próprias jogadoras, melhorar aquilo que é a nossa competição interna, melhorar aquilo que é a nossa competitividade como indicadores a nível internacional e pensar naquilo que possa ser a nossa qualidade futura”.
CALENDÁRIO COMPETITIVO DESFAZADO
A longo do campeonato africano a seleção nacional foi crescendo de jogo a jogo, ainda que tenha caído na sua performance no último jogo, como resultado do facto de terem realizado poucos jogos de controlo, ao longo dos dois estágios. O “Senhor do Anéis”, como é considerado por ter ganho títulos africanos de clubes, analisa esta questão relacionando-a com a fraca competitividade interna e a qualidade das jogadoras.
“O nosso calendário interno não ajuda muito comparativamente com aquilo que é o mundo moderno. Ou seja, a competitividade no basquetebol, exceto em Moçambique e mais alguns países da África, é completamente diferente. Nós começamos de Janeiro a Dezembro e os restantes países têm o privilégio de jogarem de Agosto a Maio. Isto facilita um pouco aquilo que é a preparação das próprias seleções e se nós olharmos o modelo competitivo e o calendário competitivo da FIBA, já foi definido que os meses de Julho e Agosto serão para as competições internacionais, o que quer dizer, provas a nível da seleção nacional. E isto ajuda com que todas as seleções possam trazer para o seu país jogadoras que militam na Europa. E nós, apesar de termos poucas e inclusive termos algumas jogadoras nas competições universitárias, por exemplo nos Estados Unidos, continuamos a ser um país que temos poucas jogadoras na alta competição a nível do mundo. Portanto, a jogar a nível da alta competição neste preciso momento só temos duas (Leia Dongue e Chanaya Pinto). E isto faz com que realmente, no seu regresso e para os trabalhos da seleção nacional, a nossa competição interna tem que ser interrompida. O que faz com que realmente a gente tenha pouco tempo de competitividade. A nossa competição começou em Março e teve que ser interrompida em Junho. E isto belisca um pouco aquilo que é a performance das jogadoras, porque elas não chegam a atingir seis meses de competição”, disse Salé.
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CONTINUAR A APOSTAR NO TRABALHO ÁRDUO
O seleccionador nacional apontou saídas para esta situação de modo a melhorar a prestação da equipas de todos nós em AfroBaskets.
“O que tem que se realmente olhar é que as seleções nacionais têm que tirar partido daquilo que é a competitividade antes do AfroBasket. Ou seja, antes da competição mãe tem que ter uma certa rodagem. Nós, infelizmente, tivemos um estágio que eu considerei bom, com apoio por parte da Federação Moçambicana do Basquetebol e do Governo. E isto fez com que a gente crescesse, quer a nível de treinamento, treinar em excelentes condições. Não nos faltou nada, quer em termos de alimentação, em termos de comportamento das jogadoras. Mas, faltou-nos esse pormenor, dos jogos de controlo, que se calhar seja um item muito importante, que é a competitividade antes do AfroBasket. Realizamos dois jogos de controlo, porque naquilo que era o nosso desejo, em função do calendário existente por parte da Federação Portuguesa do Basquetebol e também dos organizadores, não conseguimos ter aquilo que era a possibilidade de nós jogarmos com a seleção de Sub-16 e Sub-18, por causa de outros compromissos. Olhando para as seleções de top que competem neste AfroBasket, tiveram esta vantagem de jogar a partir de Junho, porque se nós olharmos o calendário competitivo da Europa, muitas seleções estiveram a preparar para o europeu. (8:04) Isto fez com que realmente pudesse ajudar em algumas selecções que tiveram jogos de controlo”, disse o nosso entrevistado, acrescentando que “infelizmente chegámos com 3, 4 dias de antecedência, mas não foi suficiente para nós podermos fazer alguns jogos. Primeiro porque estávamos muito em cima e depois também pelo calendário e organização das próprias selecções, tivemos dificuldade de realmente possibilidade de jogar”, referiu.
Depois de consumada a sexta posição e o não cumprimento do objectivo, Nasir Salé olha para o futuro nos seguintes termos:
“Olhar em frente, ter os pés bem assentes no chão, continuar a pensar na melhoria da selecção nacional e continuarmos a trabalhar arduamente a nível do país”, disse a finalizar o seleccionador nacional. (LANCEMZ)
Fonte: Lance