O Balanço do PESOE 2025 – I Semestre mostra que Moçambique registou uma evolução positiva na balança de pagamentos, sustentada pelas exportações de gás natural liquefeito e pela manutenção de entradas de investimento directo estrangeiro. Apesar disso, a sustentabilidade das reservas internacionais continua fortemente dependente do desempenho do sector extractivo e do comportamento dos preços internacionais.
Segundo o relatório, o saldo global da balança de pagamentos foi superavitário, reflectindo o aumento das exportações e entradas de capitais externos, o que permitiu reforçar a posição cambial do país.
A conta corrente registou melhoria significativa graças ao aumento das exportações de gás natural liquefeito (GNL), carvão e alumínio, que compensaram o crescimento das importações.
Exportações e Importações
As exportações totais cresceram 11,2%, impulsionadas sobretudo pelo gás natural da Bacia do Rovuma, cuja produção estabilizou e começou a gerar fluxos consistentes de receita. O carvão mineral e o alumínio também contribuíram para o desempenho.
As importações subiram 8,5%, reflectindo maior procura de combustíveis, bens alimentares e equipamentos de construção e transporte, em linha com a retoma da actividade económica.
Conta de Serviços e Transferências
O défice na conta de serviços manteve-se elevado, devido ao pagamento de fretes, seguros e serviços técnicos ligados a grandes projectos. Ainda assim, as remessas dos trabalhadores migrantes e a ajuda externa ajudaram a compensar parte dessas saídas.
A conta financeira registou entradas líquidas positivas, sobretudo por via do investimento directo estrangeiro (IDE) no sector de gás natural e em alguns projectos agrícolas e logísticos. O financiamento externo ao Estado também contribuiu para a robustez da conta financeira.
As Reservas Internacionais Líquidas atingiram cerca de 4,3 mil milhões de dólares, correspondentes a uma cobertura de quatro meses de importações de bens e serviços não factoriais.
O relatório indica que a posição das reservas permanece confortável, mas sublinha que a sua sustentabilidade depende da manutenção das exportações de gás e carvão e da entrada contínua de capitais externos. Qualquer choque nos preços internacionais ou atraso em projectos de investimento poderá reduzir significativamente essa margem de segurança.
O desempenho externo do país no primeiro semestre de 2025 foi positivo, com superavit na balança de pagamentos e manutenção de reservas internacionais em níveis adequados. Contudo, a forte dependência de receitas do sector extractivo e a vulnerabilidade a choques externos mantêm-se como riscos centrais à estabilidade cambial e à segurança financeira de Moçambique.
Fonte: O Económico