População de Palma denuncia tentativa de isolamento de Afungi

0
7
A população de Palma, em Cabo Delgado, denuncia injustiças, quebras de acordos e tentativa de isolamento da península de Afungi e pedem um encontro com o Presidente da República e os donos da Total Energies, a multinacional francesa líder do projecto Mozambique LNG, para resolver todos problemas relacionados com a exploração de gás na área 1 da bacia do Rovuma, antes da retoma do projecto suspenso em 2021, devido aos ataques terroristas.

Quase todas as empresas subcontratadas pelo projecto Mozambique LNG, incluindo os trabalhadores que estavam na Vila de Palma, estão a ser transferidos para a península de Afungi onde as medidas de segurança foram reforçadas e as portas estão parcialmente fechadas.

“Hoje, Afungi parece um outro país. Não é Moçambique, é um outro país. Se for por causa da segurança, todos merecemos segurança. Agora, se há problemas, é melhor que o Governo venha dizer-nos que estamos numa insegurança e vamos todos ficar ali onde há segurança”, disse Siraje Anli, Residente de Palma.

Além do isolamento de Afungi, a população de Palma denuncia incumprimento de acordos e promessas feitas no passado e pede respeito e justiça na exploração de gás na área 1 da bacia do Rovuma.

“Ocupou machambas de pessoas onde já passaram máquinas, onde havia acordo com as comunidades, mas depois virou e começou a revogação de todos acordos e as pessoas que deviam receber dois a três milhões de Meticais, agora está a dar 250 mil Meticais”, disse um residente.

“Todos os pescadores de Palma foram recenseados e alguns foram pagos, mas o maior número foi dito para esperar. Agora, faça as contas de 2015 até hoje, quantos anos passam”, disse Ibraimo Majaca, Residente de Palma.

Alguns problemas são antigos e a lista é longa e complexa, mas a maior preocupação da população de Palma, é o isolamento de Afungi, uma decisão considerada de traição, especialmente para quem esperava ficar rico ou pelo menos sair da pobreza com a exploração do gás
“O administrador vive aqui (na vila). A secretária permanente vive aqui. A UIR (Unidade de Intervenção Rápida) está aqui. Os militares também estão aqui. Eles estão fechados lá para ficar em paz e nós, como ficamos? Quem somos?”, questiona Somai Sumail, Residente de Palma.

Quase todas pessoas estão afectadas pelo isolamento de Afungi, mas a situação é considerada de crítica para os empreendedores e empresários de Palma que investiram muito dinheiro a contar com o gás.

Devido à crise provocada pelo isolamento de Palma, alguns investidores estão a vender quase tudo que tinham, e os poucos que ainda estão a resistir poderão abandonar o distrito nos próximos dias caso a península de Afungi continue parcialmente isolada.

Depois de perder muito dinheiro a contar com o gás, população, comerciantes e empresários baseados em Palma se uniram para tentar resolver o problema localmente, mas como há muito tempo, não conseguem ter uma solução local, agora pedem a presença do Presidente da República e dos donos da TotalEnergies, a multinacional francesa líder do projecto Mozambique LNG.

“E, o Governo está a distanciar-se e diz que não sabe que Palma não está seguro, muito menos que a Total está a mobilizar todas empresas que estavam aqui na vila, obrigatoriamente para irem para o acampamento, em Afungi, para eles trabalhar de forma fechada”, disse Siraje Anli, Residente de Palma.

“Estamos a pedir, muito, que Chapo venha aqui em Palma. Chapo deve vir a Palma. E, queremos o próprio dono da Total e não o adjunto, ou seja quem for. Queremos aqui o dono desta empresa Total”, disse outro residente.

O Projecto Mozambique LNG foi suspenso depois do ataque a vila de Palma registado no dia 24 de Março de 2021 e até hoje, ainda não foi anunciada oficialmente a retoma do projecto de exploração de gás na área 1 da bacia do Rovuma, que está avaliado em mais de vinte mil milhões de dólares norte americano.

Fonte: O País

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!