Por: Alfredo Júnior
A procura por energia limpa em África está a impulsionar um aumento significativo nas importações de painéis solares chineses, que cresceram 60% nos últimos 12 meses, de acordo com o relatório do grupo de reflexão sobre o clima Ember.
No período de junho de 2024 a junho de 2025, foram importados 15.032 MW de painéis solares, um avanço expressivo face aos 9.379 MW registados no período anterior. A África do Sul manteve-se como o maior importador, com 3.784 MW, seguida pela Nigéria, que superou o Egito e atingiu 1.721 MW.
O crescimento mais acentuado, em termos percentuais, ocorreu em países como Argélia (33 vezes mais), Zâmbia (8 vezes), Botsuana (7 vezes) e Sudão (6 vezes). Angola, Etiópia, Benin, Libéria e República Democrática do Congo também registaram um aumento de três vezes ou mais nas suas importações.
Segundo o relatório, 20 países africanos bateram novos recordes de importação, e 25 países importaram pelo menos 100 MW de painéis solares, contra 15 no ano anterior. O documento indica ainda que, se instalados, os painéis importados poderiam gerar eletricidade equivalente a mais de 5% da produção total de 16 países, destacando-se Serra Leoa, onde a capacidade solar representaria 61% da geração de 2023.
O crescimento nas importações de painéis solares é atribuído à combinação entre preços competitivos da China, necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e a crescente implementação de políticas públicas de incentivo à energia limpa. Países africanos menores estão a adotar rapidamente esta tecnologia, aproveitando o potencial para substituir geradores a diesel e reduzir custos energéticos.
Especialistas destacam que esta tendência representa uma transição energética significativa para África, com impacto direto na sustentabilidade, eletrificação rural e atração de investimentos em energias renováveis.