O Relatório do Desenvolvimento Humano 2025, publicado pelo PNUD, reafirma as fragilidades persistentes de Moçambique no caminho do desenvolvimento humano. Apesar de uma ligeira melhoria no índice, o país continua entre os últimos do ranking global. Para o Governo, os dados não constituem surpresa, mas são “evidências úteis” para orientar políticas públicas focadas na redução da pobreza, na valorização do capital humano e no aproveitamento do dividendo demográfico.
Em entrevista ao Semanário Económico, o Director Nacional de Políticas Económicas e de Desenvolvimento, no Ministério da Planificação e Desenvolvimento, Ângelo Nhalidade, reconheceu que os dados do RDH 2025 confirmam uma realidade já conhecida: 65% da população vive em pobreza. Ainda assim, sublinhou que o relatório fornece uma base de evidência para a planificação de políticas.
“É uma informação bem-vinda, porque precisamos de dados para planificar. Não foi surpresa, já tínhamos indicadores que apontavam para esta magnitude da pobreza”, afirmou.
A resposta do Governo assenta na implementação da Estratégia Nacional de Desenvolvimento (ENDE) e do Plano Quinquenal do Governo (PQG), que priorizam o investimento em educação, saúde, nutrição e combate à desnutrição crónica.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>O dividendo demográfico — com 65% da população abaixo dos 25 anos e 44% com menos de 15 anos — é apontado como oportunidade para acelerar o crescimento económico, desde que haja investimento estruturado em crianças e jovens. Caso contrário, alerta Nhalidade, a juventude pode tornar-se um “passivo demográfico”, perpetuando vulnerabilidades sociais.
Para transformar esta energia em inovação e crescimento inclusivo, o Governo aposta em programas de emprego e auto-emprego, com destaque para o Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL), que destina 60% dos recursos a jovens.
“O FDEL é um instrumento direccionado para financiar iniciativas juvenis e dinamizar a economia a partir dos distritos”, explicou.
Outro eixo essencial é a convergência de actores. O Governo tem procurado reforçar mecanismos de coordenação como os Observatórios de Desenvolvimento, que juntam Estado, sociedade civil, sector privado, parceiros de cooperação e academia na monitorização das políticas.
Apesar das limitações conjunturais — incluindo crises internas e choques externos —, o Governo mantém expectativas de melhoria gradual do IDH até 2026. A meta de longo prazo é ambiciosa: atingir um índice de 0,7 até 2044.
“O desenvolvimento faz-se por etapas. Não esperamos saltos imediatos, mas progressos moderados e consistentes”, concluiu Nhalidade.
Fonte: O Económico