Resumo
Moçambique e Itália fortaleceram a cooperação no agro-negócio com um investimento de 160 milhões de euros para modernizar a agricultura, impulsionar cadeias de valor e promover inclusão socioeconómica. Destacam-se os Centros Agroalimentares de Manica e Chimoio, avaliados em 38 milhões de euros cada, como projetos-chave para dinamizar o Corredor da Beira e reforçar a competitividade agrícola. O Fórum Empresarial Moçambique–Itália, parte do Plano Mattei para África, enfatiza parcerias que valorizem o potencial agrícola, promovendo exportações e fortalecendo a agro-indústria. Ambos os países apostam na formação profissional, redução da dependência de importações e dinamização das cadeias de valor agrícolas. A cooperação visa posicionar Moçambique como um ator competitivo na SADC e no mercado europeu, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a inclusão económica.
O Fórum Empresarial Moçambique–Itália, realizado em Maputo pela Embaixada da Itália em parceria com a CTA, a CCMI e a Agência ICE italiana, enquadra-se no Plano Mattei para África, que aposta em inovação, competitividade e diplomacia económica. Ao invés de abordagens assistencialistas, privilegia-se a criação de parcerias que transformem o potencial agrícola em valor acrescentado, promovendo exportações e fortalecendo a agro-indústria.
O Ministro da Agricultura de Itália, Francesco Lollobrigida, destacou a filosofia de “crescer em conjunto com Moçambique”, reforçando a importância da formação profissional de jovens como pilar para gerar riqueza local e consolidar cadeias de valor agrícolas.
Do lado moçambicano, o Ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Albino, sublinhou que a aposta está em “reduzir a dependência de importações, dinamizar cadeias de valor e reforçar a agro-indústria”. Para tal, o Governo tem avançado com reformas em áreas críticas como o acesso à terra, gestão de fertilizantes e certificação, criando um ambiente de negócios mais atractivo.
A nível local, o Presidente do Município de Chimoio, João Ferreira, frisou que “a província vai progredir muito naquilo que diz respeito à agricultura. Pequenos e grandes empresários terão onde vender e comercializar os seus produtos, com impacto não só local como nacional e internacional”.
As PME e cooperativas surgem como principais beneficiárias do pacote financeiro, através de linhas de crédito mais flexíveis. O representante da CTA, Batista Guambe, alertou, no entanto, para a necessidade de garantir que o financiamento seja acompanhado por projectos concretos que incluam as cooperativas, maioritariamente compostas por agricultores familiares.
No plano diplomático, o Embaixador de Moçambique em Itália, Santos Álvaro, afirmou que “queremos investimento, mas também tecnologia e formação on-the-job para jovens moçambicanos. O objectivo é que sejam os próprios moçambicanos a liderar novos projectos produtivos”.
Já o Presidente da Câmara de Comércio Moçambique–Itália (CCMI), Simone Santi, considerou que esta cooperação poderá “desenhar um novo rumo para as empresas moçambicanas e para as comunidades rurais”, consolidando cadeias de valor agrícolas e promovendo inclusão social.
A União Europeia, representada em Maputo pelo Embaixador Antonino Maggiore, também saudou a iniciativa, sublinhando que “a cooperação fortalece toda a cadeia de valor agrícola, promove emprego e inovação, e complementa os esforços da UE em Moçambique”.
Com esta parceria, Moçambique e Itália procuram transformar o sector agrícola num verdadeiro motor de desenvolvimento sustentável e inclusão económica, posicionando o país como actor competitivo no espaço da SADC e no mercado europeu.
Fonte: O Económico