Por: Lurdes Almeida
A recente declaração das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), afirmando que a saúde financeira da empresa “regista melhorias significativas”, levanta questões sobre a verdadeira situação da companhia e o quanto essas melhorias podem ser sustentadas com o tempo.
Durante anos, a LAM carregou um histórico de má gestão, marcado por decisões estratégicas ineficazes. Entre os principais problemas estiveram a falta de autonomia administrativa, interferência política, dívidas acumuladas, elevados custos operacionais, baixa geração de receitas, dependência recorrente do apoio financeiro estatal, número reduzido de aeronaves em operação, parte da frota com avarias frequentes, atrasos constantes, cancelamentos dos voos e crescentes reclamações sobre o atendimento ao cliente, factores que contribuíram para a perda gradual de credibilidade nas rotas internas.
Desde a entrada da consultora sul-africana Fly Modern Ark, na gestão da companhia, registaram-se mudanças visíveis desde os ajustes operacionais, renegociação de dívidas até a suposta racionalização de rotas e recursos. No entanto, convém lembrar que cortar custos não é sinónimo de rentabilidade, e reduzir voos não equivale a eficiência.
O público habituou-se a ver a companhia como um “peso estatal” em vez de um activo estratégico. Por isso, qualquer sinal de recuperação, embora bem-vindo, deve ser analisado com alguma prudência. Portanto, mais do que um comunicado optimista, a declaração exige a seguinte avaliação: essas melhorias são estruturais ou simplesmente temporárias? São baseadas em quê? Redução de voos? Corte de pessoal? Subvenções estatais? Parcerias externas?
Melhorar não é só apresentar números mais simpáticos. É mostrar resultados tangíveis e duradouros porque a verdadeira transformação exige mais do que medidas paliativas.
Para que a tão falada “recuperação” seja sustentável, a empresa precisa apostar em seis pilares: transparência na gestão, modernização da frota, competitividade nos preços, reconquista da confiança do passageiro, melhoria na experiência do passageiro e independência financeira.
Até aqui, a LAM, ainda, depende do Estado, enfrenta limitações na sua frota, regista uma pontualidade discutível e vê sua fatia de mercado ameaçada pelo crescimento de companhias estrangeiras na rota doméstica e regional. Todavia, uma gestão eficaz deve garantir autonomia financeira, excelência operacional e competitividade no mercado.
Fonte: blogspot