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Tuesday, October 7, 2025
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Preços de Hotéis em Belém Levam Países a Considerar Desistir da COP30

Resumo

A menos de seis semanas do início da COP30 em Belém do Pará, vários países enfrentam dificuldades em garantir alojamento para os cerca de 45 mil participantes esperados, devido à falta de infraestruturas hoteleiras e aos elevados preços. Com tarifas entre 150 e 4.400 dólares por noite, muitas delegações consideram reduzir o número de representantes ou até mesmo não comparecer à cimeira. O Brasil, como anfitrião, comprometeu-se a oferecer quartos subsidiados e recorre a soluções alternativas, como motéis e navios de cruzeiro. No entanto, 81 nações ainda estão em negociações para alojamento, o que preocupa especialmente as pequenas ilhas em desenvolvimento, que dependem das COPs para defender financiamentos e medidas de adaptação.

 

Questões-Chave:

A menos de seis semanas do início da COP30, dezenas de países ainda não conseguiram garantir alojamento em Belém do Pará, onde se espera a chegada de cerca de 45 mil participantes. A falta de infra-estruturas hoteleiras e o aumento abrupto dos preços estão a levar várias delegações a considerar reduzir o número de representantes — ou até mesmo não comparecer à cimeira que deveria simbolizar o compromisso global com a justiça climática.

Os organizadores brasileiros enfrentam um desafio logístico sem precedentes. A cidade de Belém, escolhida para destacar a importância da Amazónia no combate às alterações climáticas, dispõe de apenas 18 mil quartos de hotel, insuficientes para acomodar o número estimado de participantes.

Segundo a agência Reuters, após a abertura da plataforma oficial de reservas, em Agosto, as tarifas variavam entre 360 e 4.400 dólares por noite, valores considerados proibitivos por várias delegações. Mesmo após uma ligeira redução, os preços continuam a partir dos 150 dólares diários, muito acima da média local.

O ministro do Clima da Letónia, Melnis, afirmou que o país “já basicamente decidiu que é demasiado caro participar”. O governo letão solicitou a possibilidade de os seus negociadores intervirem por videoconferência, o que representaria um precedente inédito na história das COPs.

Também a Lituânia declarou que poderá não comparecer, depois de receber cotações acima dos 500 dólares por pessoa por noite. O Ministério da Energia daquele país alertou que “a legitimidade e a qualidade das negociações serão afectadas se os governos não puderem participar devido aos custos”.

 

Resposta do Brasil e Tentativas de Mitigação

A presidência brasileira da COP30 rejeitou os apelos para transferir o evento para outra cidade, reiterando o simbolismo de realizar a cimeira às portas da floresta amazónica.
O governo comprometeu-se a oferecer 15 quartos com tarifas subsidiadas — abaixo de 220 dólares por noite — para cada delegação de países em desenvolvimento e até 600 dólares para as delegações de nações mais ricas.

O Brasil também recorre a soluções alternativas, convertendo motéis, navios de cruzeiro e até igrejas em alojamentos temporários. Apesar disso, o número de países sem reservas confirmadas continua elevado: 81 nações ainda estão em negociações, enquanto 87 já garantiram acomodação, de acordo com dados da presidência da COP30.

 

Impacto na Representatividade Global

A situação preocupa especialmente as pequenas ilhas em desenvolvimento, que dependem das COPs para defender financiamentos e medidas de adaptação.
Ilana Seid, presidente da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), alertou que “a falta de alojamento acessível coloca os nossos países em grave desvantagem”, acrescentando que delegações reduzidas significam “menos capacidade técnica e menor influência nas negociações que determinam o nosso futuro”.

Evans Njewa, presidente do grupo dos Países Menos Desenvolvidos (LDCs), confirmou estar a receber “um elevado volume de preocupações e pedidos de apoio”, advertindo que a limitação de recursos poderá afectar a dimensão e eficácia das delegações.

 

Contexto Geopolítico e Repercussões

A polémica ocorre num momento em que o compromisso internacional com a agenda climática dá sinais de enfraquecimento. Nos Estados Unidos, o Presidente Donald Trump tem liderado uma inversão de políticas ambientais, enquanto na Europa a prioridade climática cede terreno face às dificuldades económicas.

Neste cenário, a eventual ausência de países mais vulneráveis ou de delegações completas ameaça minar a credibilidade das negociações, justamente quando a COP30 deveria reforçar o multilateralismo ambiental e o papel simbólico da Amazónia como coração da transição ecológica global.

A crise de alojamento em Belém do Pará expõe um paradoxo: uma cimeira concebida para discutir justiça climática e inclusão global pode acabar por ser marcada pela exclusão dos países que mais sofrem com as alterações climáticas.

Se não forem encontradas soluções rápidas e equitativas, a COP30 corre o risco de se transformar num símbolo de desigualdade logística e económica, reduzindo a eficácia e a legitimidade das decisões que dela emanarem.
A ironia é flagrante: a conferência que pretendia dar voz à Amazónia pode tornar-se o palco onde muitos não terão voz alguma.

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Fonte: O Económico

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