O metal precioso recupera parte das perdas após a recente correcção, sustentado por expectativas de nova descida das taxas de juro norte-americanas e pela incerteza em torno das conversações entre Washington e Pequim.
O preço do ouro voltou a subir esta segunda-feira, impulsionado pelo otimismo quanto a novos cortes nas taxas de juro da Reserva Federal dos EUA (Fed) e pela expectativa em torno das negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China, previstas para esta semana. O metal precioso recupera terreno após a forte correcção de sexta-feira, que interrompeu uma série de ganhos históricos.
Mercado do Ouro Recupera Após Queda Mais Acentuada Desde Maio
De acordo com dados da Bloomberg, o ouro à vista (spot) subiu 0,3%, para 4.259,34 USD por onça, enquanto os futuros de Dezembro avançaram 1,4%, para 4.273 USD. O ouro atingiu um máximo histórico de 4.378,69 USD por onça na semana passada, antes de cair 1,8% na sexta-feira — a maior queda desde meados de Maio.
O analista Kyle Rodda, da Capital.com, observou que o mercado “está a tentar reencontrar o equilíbrio depois de semanas de euforia”, acrescentando que o sentimento “está a normalizar-se, após uma fase de compras especulativas alimentadas pelo contexto geopolítico e monetário”.
A volatilidade recente está associada à declaração do Presidente norte-americano Donald Trump, que admitiu que as tarifas de 100% sobre produtos chineses não são sustentáveis, e manifestou confiança num entendimento próximo com o seu homólogo chinês, Xi Jinping.
Expectativa de Cortes de Juros Sustenta o Ouro
Os investidores aguardam a divulgação do Índice de Preços no Consumidor (CPI) dos EUA, prevista para sexta-feira, e que deverá mostrar inflação subjacente estável em 3,1% em Setembro. O resultado não deverá alterar as expectativas do mercado de que a Fed manterá o plano de cortes graduais nas taxas de juro.
O CME FedWatch Tool indica que os investidores precificam integralmente um corte de 25 pontos base este mês e outro em Dezembro, reforçando o apelo do ouro, activo que não oferece rendimento e se valoriza em períodos de taxas de juro mais baixas.
“O metal precioso tem beneficiado do vácuo criado pela escassez de dados económicos relevantes e pela expectativa de políticas monetárias mais acomodatícias”, comentou Rodda.
O ouro acumula uma valorização superior a 60% desde o início do ano, impulsionada por tensões geopolíticas, apostas em cortes de juros, compras massivas por bancos centrais e movimentos de desdolarização em várias economias emergentes.
Prata e Metais do Grupo da Platina Seguem Tendência Mista
O preço da prata também registou ganhos, subindo 0,6% para 52,18 USD por onça, após uma queda de 4,4% na sexta-feira, a pior desde Abril. Já o platina recuou 2% para 1.589,60 USD, e o paládio desvalorizou 0,2%, fixando-se em 1.470,83 USD.
Estes movimentos contrastam com a performance positiva do ouro, mas refletem o mesmo clima de incerteza global e ajustes técnicos após uma fase de forte valorização das commodities metálicas.
Ouro Consolida Estatuto de Refúgio em Ambiente de Incerteza
O desempenho do ouro mantém-se como termómetro da aversão ao risco internacional. Num cenário marcado por tensões comerciais, inflação resistente e instabilidade nos mercados de dívida soberana, o metal precioso continua a ser o activo preferido dos investidores institucionais e dos bancos centrais.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Analistas consideram que, caso se confirmem novos cortes da Fed e uma retoma de tensões entre Washington e Pequim, o ouro poderá ultrapassar novamente o recorde histórico e manter-se acima dos 4.300 USD nas próximas semanas.
Fonte: O Económico