Há três anos os terroristas assassinaram a missionária Maria de Coppi no distrito de Memba. Actualmente, a Missão (católica) de Chipene funciona a meio gás e o lar que acolhia estudantes foi encerrado.
O posto administrativo de Chipene, distrito de Memba, na província de Nampula, voltou a ser palco de ataques terroristas no final do mês passado e início deste. Estes episódios reavivaram as memórias do acontecimento de 9 de Setembro de 2022 em que os terroristas assassinaram a irmã Maria de Coppi, de 83 anos.
“Bem-vindo à Missão de S. Pedro do Lúrio-Chipene”, diz a placa afixada na estrada de terra que passa a 200 metros das instalações religiosas católicas. A imagem da virgem Maria cravada na fenda do embondeiro que fica bem ao lado da placa convoca à santidade do local.
Trata-se da Missão Comboniana de Chipene que existe há décadas naquela área rural. O edifício imponente da igreja simboliza a presença da Igreja Católica, que ajudava bastante a população desprovida de vários serviços do Estado. Bem ao lado da Missão fica o centro de saúde de Chipene e é naquele ponto onde encontramos testemunhas desse trágico acontecimento.
“Esses insurgentes saíram deste lado de Napera e nós fugimos. Vieram incendiaram o hospital, e mais tarde foram às irmãs e começaram a disparar. Foi por volta das 20 horas”, lembra Rosa Forte, agente de serviço no centro de saúde de Chipene.
Ela conheceu muito bem o irmão De Coppi. Não era para menos, Maria de Coppi (italiana) estava em Moçambique há mais de 50 anos, atendendo que veio na década de 60.
“Ela era boa [pessoa] para a comunidade, ajudava muito as crianças desnutridas e era chefe do lar”, conclui Forte, com os olhos a mostrarem sinais de concentração de lágrimas.
A Missão de Chipene tinha um lar que acolhia alunos de ambos sexos que estudavam em regime de internato. Muitos eram do posto administrativo de Lúrio, a 75 km, que não tem uma escola secundária. No lar estudavam da 8ª à 11ª classe.
Depois desse assassinato, os padres e irmãs que ali viviam saíram e por algum tempo a Missão esteve abandonada. “Abandonaram por um tempo, mas já estão de volta. Em finais do ano passado vieram aqui fazer a reabilitação das residências”, assegura Samuel Marião.
O centro de Saúde de Chipene ficou encerrado por quase duas semanas depois dos ataques do dia 28 de Setembro, apesar de terem acontecido a alguns quilómetros daquele ponto.
Além do centro de Saúde de Chipene, o centro de Saúde de Pavala e o posto de Saúde de Lúrio-sede estiveram encerramos, mas já estão abertos e a atender a população.
Fonte: O País