Empresa australiana identifica teores promissores de óxidos de terras-raras no centro de Moçambique, posicionando o país como potencial fornecedor estratégico de minerais críticos para a transição energética global.
A empresa australiana MRG Metals Limited anunciou a identificação de concentrações significativas de elementos de terras-raras (REE) em Moçambique, numa fase inicial de exploração que poderá reposicionar o país como fornecedor estratégico africano desses minerais críticos.
Segundo dados divulgados pela Ecofin Agency (20 de Outubro de 2025), as amostras recolhidas no projecto Adriano, na província de Sofala, revelaram teores de até 32 393 ppm de óxidos totais de terras-raras (TREO) — valores considerados de alto potencial geológico.
Exploração Em Fase Inicial Mas De Forte Potencial
A MRG confirmou, em comunicado à Webull News (Out. 2025), o início da campanha de exploração no âmbito da sua licença de terras-raras Adriano, obtida em finais de 2023. O objectivo é avaliar o “potencial em escala distrital” e integrar o novo recurso no portefólio de projectos de minerais estratégicos que a empresa detém no país.
A companhia já possuía projectos avançados de heavy mineral sands (areias minerais pesadas), incluindo o Corridor North 10779L, licenciado em Dezembro de 2023, com 100 % de participação da MRG Metals [mrgmetals.com.au; mining-technology.com].
Com a descoberta de terras-raras, a empresa amplia o foco da sua actividade para minerais críticos de alto valor agregado, respondendo à crescente procura global por matérias-primas essenciais à transição energética.
Moçambique No Radar Da Cadeia Global De Minerais Críticos
O relatório da Ecofin Agency salienta que Moçambique “junta-se à lista de potenciais fornecedores africanos de terras-raras”, num mercado global actualmente dominado pela China, responsável por 60 a 90 % da produção e refinação mundial.
Esta concentração geopolítica tem levado economias ocidentais e asiáticas a procurar fontes alternativas de abastecimento, abrindo espaço para países africanos com elevado potencial geológico, como a Tanzânia, Malawi e, agora, Moçambique.
Para o país, esta descoberta representa uma oportunidade de diversificação económica além dos sectores tradicionais de carvão e gás natural, consolidando a sua relevância estratégica na economia verde global.
Oportunidades Económicas E Desafios De Implementação
Especialistas indicam que, embora os resultados sejam promissores, o projecto ainda se encontra em fase exploratória, exigindo investimentos adicionais em estudos de viabilidade, licenciamento e infra-estrutura para atingir escala comercial.
A experiência de outros países africanos sugere que a governação mineira, a regulação ambiental e a estabilidade contratual serão factores críticos para atrair capital e garantir uma exploração sustentável.
A cadeia de valor das terras-raras é complexa — abrange extração, beneficiamento, separação química e refinação. Para capitalizar o potencial, Moçambique precisará investir em infra-estruturas logísticas, energia fiável e competências técnicas locais, reduzindo a dependência externa no processamento.
O sector poderá beneficiar-se de políticas integradas de conteúdo local, parcerias público-privadas e mecanismos de partilha de benefícios que assegurem impactos económicos tangíveis no território.
Perspectivas Para O Posicionamento Regional
Segundo analistas ouvidos pela Ecofin Agency, o potencial moçambicano insere-se num movimento continental mais amplo de valorização dos minerais críticos africanos, essenciais à transição energética mundial.
Caso o projecto Adriano avance para fase de produção, Moçambique poderá tornar-se, nos próximos 5 a 10 anos, um fornecedor relevante de terras-raras no mercado africano, competindo com iniciativas em desenvolvimento na Tanzânia e na África do Sul.
A MRG Metals planeia prosseguir com estudos de definição de recurso e engenharia ao longo de 2026, abrindo caminho à eventual mobilização de capital de desenvolvimento.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>“Esta descoberta coloca Moçambique na rota dos países com capacidade de oferecer alternativas seguras e sustentáveis à actual dependência mundial das terras-raras chinesas”, conclui o artigo da Ecofin Agency (20 Out. 2025
Fonte: O Económico