O plano quinquenal visa reverter o declínio operacional da estatal sul-africana, restaurar a confiança dos investidores e reposicionar o país como plataforma logística competitiva na África Austral.
A Transnet, empresa estatal de transporte e logística da África do Sul, anunciou um plano de investimento de 127 mil milhões de rands (7,3 mil milhões de dólares) para modernizar a rede ferroviária e portuária do país nos próximos cinco anos. O objectivo é restaurar a eficiência operacional, atrair capital privado e reconstruir a competitividade logística de um sistema que tem limitado as exportações e a confiança dos investidores.
Nova Estratégia Logística Para Reverter a Estagnação Operacional
A presidente-executiva da Transnet, Michelle Phillips, revelou o plano na South Africa Tomorrow Investor Conference, afirmando que a empresa “irá ao mercado em busca de parceiros e financiadores” para impulsionar a sua agenda de modernização.
Entre os projectos prioritários destacam-se o terminal de carga seca de Richards Bay e a concessão do Pier 2 de contentores em Durban, ambos concebidos para atrair investimento privado e melhorar o fluxo de exportações.
A Transnet investiu 24 mil milhões de rands em infra-estruturas no último exercício e reservou 25 mil milhões para o ano em curso, um sinal de retoma gradual da capacidade de execução.
“Estamos a desenvolver uma política formal de colaboração com clientes e investidores, que lhes permita intervir directamente em áreas críticas como financiamento, manutenção e capacitação técnica”, afirmou Michelle Phillips.
Infraestrutura Envelhecida e Gargalos nas Exportações
A empresa enfrenta um desgaste estrutural severo. Linhas férreas deterioradas, locomotivas obsoletas e falhas de gestão provocaram redução nas exportações de carvão, minério de ferro e manganês, afectando as receitas cambiais do país.
Phillips confirmou que estão em curso paragens programadas de manutenção, incluindo uma interrupção de 10 dias no corredor do minério de ferro, para acelerar as obras e melhorar a fiabilidade operacional.
No segmento portuário, o porto de Durban, o maior do continente, recebe novas gruas e sistemas de manuseamento, com o objectivo de aumentar a produtividade e reduzir custos logísticos.
Participação Privada Como Alavanca de Sustentabilidade
Para viabilizar o plano, a Transnet aposta em modelos de parceria público-privada (PPP) e programas de participação do sector privado (PSP). Estes mecanismos permitirão partilha de riscos, acesso a capital e transferência de know-how em áreas críticas como manutenção, segurança e digitalização.
A empresa prepara uma nova declaração de rede ferroviária (Rail Network Statement) para o exercício de 2025/2026, que definirá as regras de acesso de operadores privados à rede nacional, uma medida que poderá abrir o mercado ferroviário sul-africano à concorrência regulada e eficiente.
“O sector privado pediu para participar, e estamos a criar as condições para essa colaboração directa — em financiamento, operação e capacitação”, destacou a CEO.
Integração Regional e Competitividade na África Austral
O investimento da Transnet ultrapassa as fronteiras da África do Sul e insere-se numa visão mais ampla de integração logística regional. A modernização dos corredores mineiros e portuários poderá redefinir fluxos comerciais com países vizinhos e fortalecer as ligações com Moçambique, Angola, Namíbia e Zâmbia.
Especialistas defendem que o sucesso do plano exigirá coordenação entre os grandes corredores de exportação — como Maputo, Beira, Nacala e Lobito — para evitar sobreposição de infra-estruturas e maximizar sinergias regionais.
Ao melhorar a sua rede, a África do Sul poderá voltar a posicionar-se como pólo logístico da SADC, impulsionando exportações minerais, comércio inter-africano e integração energética.
Modernização e Efeitos Macroeconómicos
Com este plano, a Transnet pretende aumentar a fiabilidade das exportações e restabelecer a confiança dos investidores internacionais. Segundo analistas, o programa poderá acrescentar até 1% ao PIB anual sul-africano, ao mesmo tempo que cria empregos e dinamiza o investimento industrial.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Ao adoptar um modelo híbrido de financiamento público e privado, a Transnet dá um sinal de maturidade institucional, reposicionando a África do Sul como actor central nas cadeias de abastecimento globais e referência em modernização ferroviária no continente.
Fonte: O Económico






