27.1 C
New York
Thursday, October 30, 2025
InícioNacionalPolíticaMoçambique e Banco Mundial afinam estratégias para acelerar Mphanda Nkuwa

Moçambique e Banco Mundial afinam estratégias para acelerar Mphanda Nkuwa

Resumo

O Presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo, reuniu-se em Washington com o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, para fortalecer a cooperação entre Moçambique e o Banco Mundial. A reunião focou-se em prioridades de investimento, aceleração de projetos estruturantes e novas abordagens para o desenvolvimento do país, com destaque para energia, infraestruturas e industrialização. Chapo agradeceu o apoio do Banco Mundial em projetos como a central hidroelétrica de Mphanda Nkuwa e destacou a importância da energia para o desenvolvimento regional. Além disso, discutiram o desenvolvimento dos corredores logísticos de Maputo, Beira e Nacala como impulsionadores do comércio interno e regional. O Presidente reforçou a importância de acelerar projetos, garantir financiamento e assegurar crescimento sustentável, contando com o Banco Mundial como parceiro estratégico.

No cumprimento de mais uma agenda de diálogo aberto e diplomacia económica de alto nível, o Presidente da República, Daniel Chapo, reuniu-se, nesta terça-feira, em Washington, com o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, para discutir o reforço da cooperação entre Moçambique e aquela instituição financeira multilateral. O encontro, descrito como produtivo e estratégico, decorreu na sede do Banco Mundial e serviu para alinhar prioridades de investimento, acelerar projectos estruturantes e definir novas abordagens para o desenvolvimento integrado do país.

Foi um momento simbólico de reaproximação entre Moçambique e uma das suas mais importantes fontes de financiamento. Desde cedo, o Presidente Chapo colocou sobre a mesa as suas principais prioridades: energia, infra-estruturas e industrialização. Com o habitual tom pragmático e directo, o Chefe de Estado começou por agradecer o envolvimento do Banco Mundial nos projectos em curso e reafirmou o compromisso do Governo em acelerar a implementação do ambicioso plano energético nacional, com destaque para o projecto hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa, no rio Zambeze.

“Reforçámos aquilo que vocês já sabem: o presidente do Banco Mundial esteve em Moçambique neste ano, e o objectivo era ver projectos concretos que possam gerar investimento e retorno”, começou por dizer Daniel Chapo, antes de sublinhar que a prioridade do seu Governo está centrada na energia. “Temos o projecto Mphanda Nkuwa, uma central de cerca de 1500 megawatts, que é determinante para o futuro do país e para toda a região da SADC. Estamos a trabalhar com o Banco Mundial para garantir o financiamento e o apoio técnico necessários à sua materialização.”

Ao lado da energia hídrica, o Presidente destacou também os investimentos em curso no sector do gás natural, nomeadamente a central de Temane, em Inhambane, com capacidade de 450 megawatts. “É um projecto que já está em construção e que vai reforçar a qualidade da energia no Grande Maputo e permitir a exportação para a África do Sul. Queremos transformar Moçambique num verdadeiro hub regional de fornecimento de energia eléctrica”, afirmou.

Com esta visão, Daniel Chapo reafirmou a ambição de fazer da energia o motor de integração económica da África Austral, um instrumento de cooperação regional e um pilar de desenvolvimento interno. “Temos potencial, temos recursos e temos procura. O que precisamos é de acelerar os projectos, garantir o financiamento e assegurar que a energia gerada se traduz em crescimento inclusivo e sustentável”, disse o Chefe de Estado, sublinhando que o Banco Mundial é um parceiro estratégico nesse caminho.

Outro ponto central da reunião foi o desenvolvimento dos corredores logísticos de Moçambique, com enfoque nos corredores de Maputo, Beira e Nacala, os três eixos que sustentam o comércio interno e regional. O Presidente explicou que o país está a apostar numa abordagem integrada para transformar esses corredores em autênticos motores de desenvolvimento económico.

“O nosso objectivo é fazer uma conectividade entre Moçambique, Malawi e Zâmbia, reforçando o corredor de Nacala. A Zâmbia exporta hoje cerca de 800 mil toneladas de minerais por ano, mas prevê atingir três milhões até 2030. Não tem outra saída logística senão o nosso território”, observou Daniel Chapo, acrescentando que a modernização das infra-estruturas de transporte, combinada com investimentos em agro-processamento e indústria, permitirá transformar Nacala num verdadeiro corredor de prosperidade.

Durante a conversa, o Presidente moçambicano destacou que a visão do Banco Mundial vai além das obras físicas. “Recebemos uma visão muito importante do presidente do Banco Mundial: não podemos pensar apenas em estradas e linhas férreas como corredores de desenvolvimento, mas em espaços integrados que incluam agricultura, indústria, cidades e investimento social. Essa é a nova abordagem que queremos seguir”, explicou.

Ajay Banga, presidente do Banco Mundial, mostrou-se entusiasmado com o ritmo das reformas e o potencial de Moçambique. “Estou muito feliz por ver o progresso que estão a fazer. Estive em Moçambique há alguns meses e visitei o local de Mphanda Nkuwa. É encorajador ver que estão a avançar para concretizar uma das maiores oportunidades de energia hidroeléctrica do continente”, disse Banga, destacando que a instituição está empenhada em apoiar o país a consolidar projectos com alto impacto económico e social.

O líder do Banco Mundial sublinhou que a parceria com Moçambique vai muito além da energia. “A ideia é criar qualidade de vida e empregos para as pessoas, através do desenvolvimento agrícola, do acesso à energia e do fortalecimento dos corredores de transporte. Moçambique tem sol, água e gás — três fontes fundamentais para o crescimento sustentável”, afirmou, antes de elogiar o empenho do Governo na estabilização macroeconómica e nas reformas fiscais.

“Existem desafios macroeconómicos, é verdade, mas o Presidente e a sua equipa estão a trabalhar com foco e determinação para garantir o equilíbrio fiscal e uma melhor coordenação das políticas económicas”, afirmou Ajay Banga, reforçando que o Banco Mundial vê Moçambique como “um país bonito, cheio de oportunidades e liderado por um dirigente com visão e capacidade de concretização”.

Para além dos projectos de energia e corredores logísticos, o encontro abordou também a questão da governação e das reformas fiscais, elementos considerados essenciais para garantir sustentabilidade e confiança junto dos parceiros internacionais. “Falámos das reformas orçamentais e da necessidade de alargar a base tributária para aumentar as receitas do Estado”, revelou Chapo.

O Presidente destacou ainda o compromisso do Governo com a digitalização dos processos públicos. “Estamos a trabalhar na digitalização dos sistemas financeiros e administrativos do Estado, para garantir maior transparência, boa governação e combate à corrupção. É uma das nossas prioridades, e o Banco Mundial tem sido um parceiro importante neste processo”, acrescentou.

A digitalização, frisou o Chefe de Estado, é um instrumento que permitirá não apenas maior eficiência na gestão pública, mas também um ambiente de negócios mais previsível e seguro. “Queremos criar uma administração moderna, transparente e eficiente, capaz de gerar confiança e atrair mais investimento privado”, observou.

Na reunião, o Presidente Daniel Chapo falou também do novo programa que Moçambique está a preparar com o Fundo Monetário Internacional (FMI), cujo sucesso será determinante para a continuidade do apoio do Banco Mundial ao orçamento do Estado. “Estamos a trabalhar dia e noite para que o novo programa com o FMI seja aprovado, porque ele será a base para o Banco Mundial continuar a apoiar o nosso desenvolvimento”, sublinhou.

O diálogo com o Banco Mundial não se limitou à energia e às finanças. Chapo insistiu na necessidade de apostar na agricultura e na agro-industrialização como motores do desenvolvimento rural. “Queremos criar condições para que a juventude moçambicana veja o campo como um lugar de oportunidade, onde é possível produzir, transformar e prosperar. A agricultura e o agro-processamento são fundamentais para manter os jovens no campo e reduzir o êxodo rural”, afirmou o Presidente.

Banga, por seu lado, destacou que o Banco Mundial partilha dessa visão. “A criação de empregos, sobretudo para os jovens, é o coração de qualquer estratégia de desenvolvimento sustentável. Queremos apoiar Moçambique a construir essa ponte entre o crescimento económico e a inclusão social”, afirmou o dirigente, lembrando que o banco pretende intensificar a sua cooperação com o país nos próximos anos.

O encontro terminou com um sentimento de convergência e confiança mútua. Chapo agradeceu as contribuições do Banco Mundial e reiterou que Moçambique está comprometido com reformas profundas e com uma gestão responsável dos recursos públicos. “Queremos continuar a trabalhar com o Banco Mundial e com o FMI para melhorar a nossa situação económica e financeira, criar empregos e garantir uma vida melhor para o povo moçambicano”, afirmou.

Ao deixar a sede do Banco Mundial, o Presidente saiu com promessas concretas de apoio e um sinal claro de que Moçambique voltou a ganhar protagonismo na agenda do desenvolvimento global. Para Ajay Banga, o país é hoje “um bom parceiro, com potencial enorme e um líder determinado a transformar oportunidades em resultados tangíveis”.

A reunião, que se seguiu a encontros com a U.S. International Development Finance Corporation (DFC) e a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, consolida a posição de Moçambique como um destino emergente para o investimento internacional. E confirma o novo rumo de uma diplomacia económica assente em projectos, resultados e visão de futuro.

 

Fonte: O País

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, digite seu nome aqui
Por favor digite seu comentário!

- Advertisment -spot_img

Últimas Postagens

Mozal assegura o pagamento de passagens aéreas do Moçambola com 3...

0
A Mozal, empresa de Fundição de Alumínio, assegurou o pagamento das passagens aéreas para o Moçambola 2025, com um apoio de 3,19 milhões de meticais à Linhas...
- Advertisment -spot_img