Resumo
Os preços do petróleo Brent e WTI devem terminar outubro com uma queda de cerca de 3%, devido ao fortalecimento do dólar, desaceleração da atividade industrial na China e aumento da produção de petróleo por membros da OPEP+ e outros grandes produtores. O Brent fixou-se em 64,64 dólares por barril, enquanto o WTI caiu para 60,14 dólares, influenciados por vários fatores. O dólar mais forte, a fraca procura global e o aumento da oferta dos principais produtores limitam a valorização do petróleo. Os EUA atingiram um recorde de produção de 13,6 milhões de barris por dia, enquanto a Arábia Saudita aumentou as exportações para 6,407 milhões de barris diários em agosto. A OPEP+ poderá aprovar um aumento modesto da produção em dezembro, numa tentativa de equilibrar o mercado.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>O Brent e o WTI deverão encerrar Outubro com uma queda próxima de 3%, pressionados pelo fortalecimento do dólar norte-americano, pela desaceleração da actividade industrial na China e pela maior produção de petróleo de membros da OPEP+ e outros grandes produtores mundiais.
Os preços do petróleo recuaram novamente esta sexta-feira, encaminhando-se para o terceiro mês consecutivo de queda, num cenário marcado pela força do dólar, pela fraca procura global e pelo aumento da oferta por parte dos principais produtores. O Brent fixou-se em 64,64 dólares por barril, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) caiu para 60,14 dólares, reflectindo a conjugação de factores monetários, macroeconómicos e geopolíticos que continuam a limitar o potencial de valorização da commodity.
O Peso do Dólar e a Fragilidade da Procura Global
O fortalecimento do dólar norte-americano, após declarações do presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, indicando que um corte de juros em Dezembro não está garantido, reduziu o apetite dos investidores por activos denominados em dólares, incluindo o petróleo.
De acordo com analistas do ANZ Bank, “um dólar mais forte pesou sobre o sentimento em todo o complexo das commodities”, num reflexo directo da correlação inversa entre o valor do dólar e os preços das matérias-primas.
A pressão adicional veio da China, onde dados oficiais mostram que a actividade industrial contraiu-se pelo sétimo mês consecutivo. O enfraquecimento da segunda maior economia mundial levanta preocupações sobre a trajectória da procura global de energia, especialmente num momento em que a oferta cresce de forma acentuada.
Oferta em Expansão: EUA e Arábia Saudita Elevam Produção
O relatório da U.S. Energy Information Administration (EIA) revelou que os Estados Unidos atingiram um recorde histórico de produção de 13,6 milhões de barris por dia, reforçando a posição do país como maior produtor mundial.
Paralelamente, os dados da Joint Organizations Data Initiative (JODI) indicam que as exportações da Arábia Saudita subiram para 6,407 milhões de barris diários em Agosto, o nível mais alto em seis meses, e deverão continuar a crescer nos próximos meses.
Esta tendência de aumento da oferta está a neutralizar o impacto das sanções ocidentais sobre o petróleo russo, que continua a encontrar destino nos mercados da China e Índia, embora com descontos significativos.
OPEP+ Avalia Novo Aumento de Produção
Fontes próximas do cartel revelaram que a OPEP+ poderá aprovar um modesto aumento da produção em Dezembro, decisão que será debatida na reunião do grupo marcada para domingo.
Desde o início do ano, os oito maiores membros da OPEP+ aumentaram as suas metas combinadas em 2,7 milhões de barris por dia, o equivalente a 2,5% da oferta mundial. O objectivo, segundo analistas, é preservar quotas de mercado, num ambiente de procura anémica e preços sob pressão.
A eventual decisão de aumentar a produção, num momento de dólar forte e procura fraca, poderá acentuar o desequilíbrio entre oferta e consumo, prolongando a trajectória descendente dos preços.
Entre Política e Geoeconomia: o Factor China–EUA
O Presidente norte-americano Donald Trump declarou que a China aceitou iniciar o processo de compra de energia norte-americana, incluindo petróleo e gás do Alasca, num movimento interpretado como tentativa de reforçar o equilíbrio da balança comercial.
Contudo, analistas mantêm-se cépticos quanto ao impacto efectivo deste anúncio sobre a procura chinesa. O economista Michael McLean, do Barclays, notou que “o Alasca representa apenas 3% da produção de crude dos EUA, o que torna o eventual negócio mais simbólico do que estrutural”.
A iniciativa, apesar de politicamente relevante, dificilmente alterará o panorama actual de fraca procura e oferta abundante.
Perspectivas: Pressão Mantida e Volatilidade em Alta
Com o Brent e o WTI em vias de encerrar Outubro com quedas de cerca de 3%, o mercado petrolífero entra em Novembro com um cenário de alta volatilidade e risco de sobreoferta.
Analistas preveem que o enfraquecimento da procura chinesa, a resistência do dólar e o aumento contínuo da produção por parte da OPEP+, dos EUA e da Arábia Saudita poderão prolongar a tendência descendente, ainda que movimentos pontuais de recuperação técnica não estejam excluídos.
O equilíbrio futuro dependerá da trajectória monetária da Fed, das decisões da OPEP+ e da evolução macroeconómica global — factores que continuam a determinar o comportamento de um dos mercados mais sensíveis à geopolítica mundial.
Fonte: O Económico

 
                                    
