Resumo
O Governador Rogério Zandamela prevê uma retoma moderada da economia moçambicana em 2026, impulsionada por projetos estruturantes no gás natural e minas, estabilidade macroeconómica e reformas financeiras. O Banco de Moçambique antecipa uma recuperação gradual, com o PIB a crescer 3,2%, superando os 1,544 biliões de meticais de 2025. As reservas internacionais e a inflação devem manter-se em níveis confortáveis, garantindo estabilidade macroeconómica. Zandamela destaca avanços na inclusão financeira e modernização dos pagamentos. No entanto, alerta para desafios como risco fiscal, ambiente de negócios desafiante, choques climáticos e necessidade de reformas estruturais.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>O Governador Rogério Zandamela antevê uma retoma moderada da economia moçambicana, sustentada pelos projectos estruturantes nas áreas do gás natural e das minas, pela estabilidade macroeconómica e pela consolidação das reformas financeiras.
O Banco de Moçambique (BdM) prevê que a economia nacional entre em trajetória de recuperação gradual em 2026, sustentada pela implementação de projectos estruturantes nas áreas do gás natural e das minas, bem como pela melhoria das condições internas de produção. A avaliação foi apresentada pelo governador Rogério Zandamela, na abertura do 50.º Conselho Consultivo da instituição, realizado em Pemba, Cabo Delgado, que assinala também o cinquentenário do banco central.
Economia Caminha para Recuperação Sustentada em 2026
Segundo o governador, “antevê-se uma recuperação gradual da actividade económica, sustentada pela implementação de projectos estruturantes em áreas estratégicas e pela melhoria das condições internas de produção”.
A previsão de crescimento económico para 2026 coincide com as projecções constantes do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE), que estima uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,2 %, após o abrandamento registado em 2024 e 2025, anos marcados pela agitação social pós-eleitoral e por choques externos persistentes.
O Governo estima que o PIB nominal atinja 1,665 biliões de meticais (cerca de 22,3 mil milhões de euros) em 2026, superando os 1,544 biliões de meticais previstos para 2025.
Reservas e Inflação Mantêm-se em Níveis Confortáveis
O Banco Central antecipa que o nível das reservas internacionais se mantenha “em patamares confortáveis”, garantindo a cobertura de cerca de 4,4 meses de importações, um indicador que reflecte a resiliência externa do país face às oscilações cambiais e à incerteza global.
As projecções de inflação apontam igualmente para uma manutenção de níveis de um dígito, reforçando o ambiente de estabilidade macroeconómica. “A estabilidade de preços permanece o pilar da nossa política monetária”, afirmou Zandamela, sublinhando que o Banco continuará a normalizar a taxa de juro de política monetária, garantindo o equilíbrio entre controlo da inflação e estímulo à actividade produtiva.
O governador destacou também os progressos alcançados na inclusão financeira e na modernização do Sistema Nacional de Pagamentos, com a interoperabilidade entre bancos e plataformas digitais a favorecer uma maior fluidez nas transacções.
Risco Fiscal e Choques Climáticos Entre os Maiores Desafios
Apesar da perspectiva positiva, Zandamela alertou para desafios relevantes no curto e médio prazos. “Destaca-se o contínuo agravamento do risco fiscal, o ambiente de negócios desafiante, os choques climáticos e a necessidade de reformas estruturais profundas”, referiu.
A nível externo, o governador apontou a desaceleração da actividade económica global, a persistência da inflação internacional e os elevados níveis de incerteza como factores de risco que poderão limitar o desempenho da economia moçambicana.
No contexto das contas externas, o défice da conta corrente agravou-se 3,1 % no primeiro semestre de 2025 face a igual período do ano anterior, ainda assim compensado pela manutenção de reservas brutas “em níveis robustos”.
Reformas Estruturais Consolidam Credibilidade do Sistema Financeiro
Entre as reformas em curso, o governador destacou a aprovação da Estratégia de Transformação Digital do Banco de Moçambique, a preparação operacional para a gestão do Fundo Soberano de Moçambique, e o reforço do quadro de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, em linha com as recomendações do GAFI.
Zandamela sublinhou que estas medidas contribuíram para a retirada de Moçambique da lista cinzenta do GAFI, ocorrida a 24 de Outubro de 2025, o que “fortalece a integridade e a credibilidade do sistema financeiro nacional e melhora a percepção internacional do país”.
“É com este espírito de unidade, propósito e confiança no futuro que celebramos 50 anos de existência do Banco de Moçambique e 45 anos do Metical”, afirmou, encerrando a sua intervenção com uma nota de optimismo moderado e confiança na resiliência da economia nacional.
Fonte: O Económico






