Resumo
A cibersegurança em Moçambique enfrenta desafios crescentes devido à digitalização, com incidentes de ataques informáticos a plataformas governamentais e financeiras revelando vulnerabilidades estruturais. A falta de atualização de sistemas, encriptação fraca de dados e baixa literacia digital dos utilizadores contribuem para a fragilidade do sistema nacional. Apesar da criação do Instituto Nacional de Governo Eletrónico e da legislação sobre crimes cibernéticos, a execução prática é limitada, com a ausência de equipas técnicas especializadas e estratégias de resposta rápida. A dependência de servidores estrangeiros levanta preocupações sobre a soberania dos dados. A consciencialização sobre a proteção de informação sensível é reduzida, permitindo o crescimento do cibercrime. Proteger os dados nacionais requer investimento, capacitação e uma política clara de segurança digital integrada para garantir o futuro do país.
Num contexto global cada vez mais digitalizado, a cibersegurança deixou de ser um tema técnico para se tornar uma questão de interesse público e soberania nacional. Em Moçambique, onde a digitalização avança nos sectores público e privado, a protecção dos dados nacionais enfrenta um desafio crescente, garantir que a tecnologia evolua sem comprometer a segurança da informação.
Nos últimos anos, o país tem registado incidentes pontuais de ataques informáticos e tentativas de intrusão em plataformas governamentais e financeiras. Estes episódios, ainda que muitas vezes silenciados, revelam uma vulnerabilidade estrutural. Segundo especialistas em tecnologia, muitas instituições continuam a operar com sistemas desactualizados, fraca encriptação de dados e políticas de segurança inconsistentes. A escassa literacia digital de muitos utilizadores agrava o problema, tornando o erro, uma das maiores brechas no sistema.
Do lado do Estado, há sinais de preocupação, a criação do Instituto Nacional de Governo Electrónico (INAGE) e a aprovação de legislação sobre crimes cibernéticos representam passos importantes. Contudo, a execução prática ainda é limitada. A ausência de equipas técnicas especializadas, auditorias regulares de segurança e estratégias de resposta rápida continua a fragilizar o sistema nacional. Além disso, a dependência de servidores e plataformas estrangeiras levanta questões sobre a soberania e a confidencialidade dos dados moçambicanos.
Mas a cibersegurança não se constrói apenas com tecnologia, constrói-se com cultura digital. A consciência colectiva sobre a importância de proteger informação sensível ainda é reduzida. Muitas empresas negligenciam actualizações básicas, e a maioria dos cidadãos subestimam o valor dos seus próprios dados. É neste terreno fértil de descuido que o cibercrime encontra espaço para crescer.
Moçambique caminha, mas ainda não está preparado. Proteger os dados nacionais exige não só a força de vontade e boas intenções, mas também requer investimentos, capacitações e uma política clara de segurança digital integrada.
Numa era em que a informação é poder, garantir a nossa protecção é, para alem de uma necessidade técnica, um imperativo estratégico para o futuro do país.






