Por: Virgílio Timana
Há histórias no futebol que vão além do simples resultado dentro das quatro linhas. São narrativas de resiliência, de superação e de fé inabalável num ideal que muitos julgavam perdido. O Sunderland, uma equipa inglesa, com o moçambicano Reinildo Mandava a ser um dos pilares desta nova era, parece estar a escrever uma das histórias épicas do futebol, e a pergunta começa a ecoar entre os adeptos do clube e os amantes do desporto: será que os Black Cats podem repetir o feito histórico do Leicester City em 2016?
Depois de oitos anos afastado da melhor liga do mundo, Premier League, o Sunderland regressou ao convívio dos grandes com um plano claro, uma equipa coesa e uma filosofia de jogo pragmática, mas corajosa. Desde a sua despromoção em 2016/17, o clube mergulhou num período de reconstrução que o levou à League One, a terceira divisão inglesa. No entanto, ao contrário de tantas outras equipas que se perderam no labirinto das divisões inferiores, o Sunderland manteve viva a chama da ambição.
Hoje, com uma folha salarial modesta, de cerca de 70 mil euros anuais, a equipa mostra que o futebol não se ganha apenas com carteiras recheadas, mas também com espírito de grupo, trabalho árduo e uma liderança lúcida. A vitória fora de casa frente ao Chelsea por 2–1 e o empate heróico (2–2) diante do líder Arsenal são provas vivas de que o Sunderland não está na Premier League apenas para participar. Está para competir.
O próprio Mikel Arteta, treinador do Arsenal, admitiu, após o jogo, que o Sunderland “perturbou” o seu conjunto conquistador e que os Black Cats “merecem totalmente estar entre os quatro melhores da Premier League”. Palavras que ganham peso quando se olha para a tabela: Arsenal (26 pontos), Manchester City (22 pontos), Chelsea (20 pontos) e Sunderland (19 pontos). Uma diferença mínima entre os grandes milionários e um clube que, há poucos anos, lutava pela sobrevivência nas divisões inferiores.
No meio desta história de renascimento, há um nome que brilha com destaque: Reinildo Mandava. O internacional moçambicano, conhecido pela sua garra, tem sido essencial para o equilíbrio defensivo e para a transição rápida da equipa. Contra o Arsenal, jogou os 90 minutos com consistência notável, travando investidas e contribuindo para um resultado que muitos julgariam impossível. Reinildo representa o espírito deste novo Sunderland, trabalhador, disciplinado e uma muralha na defesa dos Black Cats.
É cedo para afirmar que o clube do Nordeste inglês poderá repetir a história épica do Leicester City. Mas uma coisa é certa: o Sunderland tem um plano, uma identidade e, acima de tudo, uma crença que o distingue. Esperaram oito anos por este regresso, e estão a aproveitar cada minuto com a dignidade e a coragem que o futebol tantas vezes recompensa.
Se o Leicester ensinou ao mundo que os sonhos podem tornar-se realidade, talvez o Sunderland esteja prestes a recordar-nos que os gigantes adormecidos também podem acordar, e gritar mais alto do que nunca.





