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Friday, November 14, 2025
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No Dia Mundial da Diabetes, OMS foca em prevenção e sinais silenciosos

Resumo

A médica Sara Ribeiro alerta que a diabetes muitas vezes só é detetada quando já é tarde demais, afetando 830 milhões de pessoas em todo o mundo. No Dia Mundial da Diabetes, a Organização Mundial da Saúde destaca a importância da prevenção e cuidados ao longo da vida. A doença, que continua a crescer, afeta cada vez mais jovens e adolescentes. Reconhecer sinais precoces, desfazer mitos e manter uma rotina saudável são fundamentais para controlar a diabetes. A prática de exercício físico, alimentação equilibrada, evitar álcool e tabaco são medidas essenciais. Até 80% dos casos de diabetes tipo 2 podem ser evitados com mudanças no estilo de vida. Complicações como cegueira e insuficiência renal podem ser prevenidas com educação e desmistificação.

“A diabetes só dá sinais quando já é demasiado tarde”. Foi assim que a médica de medicina geral e familiar, Sara Ribeiro, descreveu muitos casos da doença que afeta 830 milhões de pessoas em todo o mundo.

Neste 14 de novembro, a Organização Mundial da Saúde marca o  Dia Mundial da Diabetes focando na necessidade de prevenção e no cuidado “ao longo da vida”.

Doença silenciosa com complicações graves

A doença continua a crescer a um ritmo alarmante, afetando cada vez mais jovens e adolescentes. Reconhecer sinais precoces, desmontar mitos e dar importância à mente e ao corpo além de ser consistente na prevenção ajudam a controlar a enfermidade.

Em entrevista à ONU News, a médica Sara Ribeiro, que atua na medicina geral e familiar na USF Vimaranes, em Guimarães, Portugal, afirma que  desmascarar mitos, valorizar a saúde e a disciplina diária são os pilares para dominar a doença.

Se eu estivesse neste caso e quisesse evitar o meu risco, ou pelo menos diminuir o meu risco de ter diabetes no futuro, eu pensaria em quatro pilares estratégicos que eu podia mudar comportamentos para me ajudar nesse sentido. Ter um peso normal e acima de tudo peso. Porque sabemos que a avaliação pelo índice de massa corporal tem algumas limitações. Ter uma percentagem de massa gorda dentro dos parâmetros da normalidade para géneros e para idades. Depois, a prática de exercício físico é muito importante para reduzir tanto a diabetes como outras doenças crónicas, metabólicas e cardiovasculares. Ali, nos 150 minutos por semana, exercício moderado, vigoroso, como recomenda a Organização Mundial da Saúde, terceiro, uma alimentação equilibrada com base na dieta mediterrânica e uma boa qualidade de hidratos de carbono ingeridos. E, por fim, evitar as bebidas alcoólicas e o tabaco. Sem dúvida.”

Cegueira e insuficiência renal

Até 80% dos casos de diabetes tipo 2 podem ser evitados com mudanças simples no estilo de vida. Para a dra. Sara Ribeiro, o desafio está em educar, prevenir e desmistificar a narrativa em torno da diabetes

A diabetes é uma doença crónica e silenciosa que, segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, afeta 8,5% da população adulta; um número que quase duplicou desde 1980. Está associada a complicações graves, como cegueira, insuficiência renal e doenças cardiovasculares.

A OMS recomenda 150 minutos semanais de atividade física moderada, algo que, segundo a médica, não exige ginásios ou equipamentos caros. Segundo ela, caminhar a passo rápido, subir escadas, usar sacos de arroz como pesos em casa são uma ajuda útil, mas acima de tudo, “o importante é deixar de ser sedentário.”

Profissional de saúde verifica nível de glicemia de gestante e diabética no Centro de Assistência ao Diabetes e Endocrinologia da Bahia, Brasil
© OMS/Panos/Eduardo Martino

Profissional de saúde verifica nível de glicemia de gestante e diabética no Centro de Assistência ao Diabetes e Endocrinologia da Bahia, Brasil

Pais como exemplo na educação

O aumento da diabetes tipo 2 entre jovens é uma das maiores preocupações atuais. Para a médica, a prevenção começa dentro de casa, com o exemplo dos pais, pois “os filhos fazem muito mais aquilo que veem fazer do que aquilo que lhes dizem”.

Reduzir o tempo de ecrã, promover atividades ao ar livre e extracurriculares, e incentivar uma alimentação equilibrada são passos essenciais na educação. Segundo a médica portuguesa, não é preciso impor demasiadas regras, mas ensinar o que é comer bem e viver de forma saudável; “uma das maiores heranças que os pais podem deixar.”

A médica sublinha ainda que o equilíbrio é mais eficaz que o extremismo, pois pequenas mudanças consistentes no quotidiano familiar podem ser decisivas para travar uma epidemia que começa cada vez mais cedo.

Sinais silenciosos não devem ser ignorados

Para a médica, “a diabetes é traiçoeira porque, quando dá sinais, muitas vezes já causou danos”. No entanto, alguns sintomas devem servir de alerta: sede excessiva, fome constante, perda de peso repentina, urinar com frequência e visão turva.

Contudo, ela lembrou que, mesmo assim, é possível ter diabetes sem apresentar nenhum desses sinais, daí o rastreio regular ser fundamental, especialmente em pessoas com excesso de peso, histórico familiar ou vida sedentária. A especialista reforçou ainda que muitos mitos dificultam o controlo da doença.

Segundo ela, “a maior mentira é achar que controlar a diabetes significa nunca mais comer açúcar”, pois corpo precisa de glicose para funcionar: o que importa é a fonte. Deve-se escolher carboidratos de qualidade, como frutas, legumes e cereais integrais, constituindo uma dieta mais saudável e equilibrada.

Raghad vive em campo de refugiados na Jordânia e tem diabetes tipo 1.
Foto: WHO/T. Habjouqa

Raghad vive em campo de refugiados na Jordânia e tem diabetes tipo 1.

Alternativas acessíveis e o papel da mente

Nem todos têm acesso a monitores contínuos de glicose, mas a médica destaca que nem sempre são necessários. Muitos doentes tipo 2 controlam-se apenas com medicação oral e mudanças de estilo de vida, e para quem precisa de monitorizar, existem tiras capilares e/ou as mais recentes aplicações ligadas por Bluetooth aos dispositivos individuais, que ajudam a acompanhar o açúcar no sangue.

Outro fator decisivo é o controlo emocional. A médica ressaltou que o stress constante faz o corpo produzir hormonas como o cortisol e a adrenalina, que aumentam o açúcar no sangue, e, consequentemente, “tratar a ansiedade, a depressão e dormir bem pode reduzir a resistência à insulina tanto quanto uma dieta equilibrada”.

De forma otimista, a especialista afirma que “a boa notícia é que este impacto é reversível”, através de se fazer exercício e terapia quando necessário, pilares que ligam a saúde mental à metabólica.

Educar para viver bem

Questionada sobre o que colocaria num aviso de frigorífico para se poder ler todas as manhãs, a médica respondeu sem hesitar: “o meu corpo agradece aquilo que eu faço por ele hoje.”

Para ela, a consistência é mais importante que a perfeição. As escolhas dos 20 e 30 anos definem o adulto que seremos aos 50, 60 e 70. É possível ter prazer e equilíbrio, “o segredo está em permitir pequenos exageros e compensar depois.”

A diabetes é um desafio global, mas também uma oportunidade de repensar a relação entre corpo, mente e hábitos.

Como resume a Dra. Sara Ribeiro, prevenir é cuidar, e cuidar é escolher, todos os dias, um estilo de vida que valorize a saúde e o bem-estar.

*Afonso Vilas Boas é estagiário da ONU News sob supervisão da redação. 

Fonte: ONU

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