Por: Virgílio Timana
O anúncio recente do Ministério da Educação sobre o reforço da presença das Forças de Defesa e Segurança (FDS) nas escolas durante os exames finais de 2025 gerou uma onda de reacções e debates. A medida, segundo o Governo, pretende garantir o normal decorrer das provas, prevenindo eventuais sabotagens ou perturbações que possam surgir num contexto de tensão entre docentes e autoridades educativas. No entanto, associações de professores, como a ANAPRO e a Associação dos Professores Unidos (APU), encaram esta decisão de forma muito diferente: para elas, trata-se de uma acção de intimidação e de tentativa de silenciamento das reivindicações legítimas da classe docente.
Por um lado, é compreensível que o Estado procure assegurar condições de tranquilidade e normalidade durante um momento tão sensível quanto o dos exames nacionais. A segurança dos alunos e o bom funcionamento das instituições escolares são responsabilidades inalienáveis das autoridades públicas. Num ambiente em que já foram anunciadas formas de protesto, o receio de perturbações pode justificar uma intervenção preventiva; desde que esta seja proporcional, transparente e respeite os direitos fundamentais de todos os envolvidos.
Por outro lado, a presença de elementos armados ou uniformizados em espaços educativos, especialmente em períodos de tensão laboral, tem um impacto simbólico forte e pode ser entendida como um gesto de desconfiança ou de ameaça. A escola é um espaço de diálogo, de saber e de convivência cívica. A sua associação a forças de segurança pode criar um clima de receio entre professores e alunos, desvirtuando o propósito educativo e agravando o sentimento de afastamento entre docentes e autoridades.
Mais do que discutir se a presença das FDS é ou não intimidatória, importa questionar por que razão o diálogo entre docentes e Governo chegou a um ponto em que se tornou necessário recorrer a este tipo de medida. A educação, pilar essencial de qualquer sociedade, exige estabilidade, respeito e cooperação. Sempre que o conflito substitui a negociação, quem mais perde são os alunos, aqueles que o sistema pretende proteger.
Deste modo, a presença das Forças de Defesa e Segurança nas escolas pode ser vista como uma medida de precaução ou como um acto de intimidação, dependendo da perspectiva. No entanto, o verdadeiro desafio não está na gestão do momento dos exames, mas na construção de uma relação de confiança entre Estado e professores, uma relação que só poderá existir se ambas as partes privilegiarem o diálogo e o respeito mútuo em detrimento da força e da suspeita.





