Por Alfredo Júnior
LANCEMZ: Paulito, como é que avalia este actual momento da União Desportiva do Songo, ao atingir 50 pontos e 17 de vantagem ainda a faltarem muitos jogos por disputar e por terminar este Moçambique?
PAULITO TRIGO: Olha, Júnior, é assim, o momento é bom, é bom porque nós fomos crescendo na competição. É uma competição onde a gente começou mal, logo à primeira fomos a Nacala, no primeiro jogo empatamos e a partir daí ficamos pressionados em fazer as coisas bem. Porque havia uma série de coisas por detrás disso, estou a falar do nosso início de época, quando perdemos a final da Taça de Moçambique no ano passado, queríamos mudar alguma coisa dentro da própria instituição, que era tentar rejuvenescer o grupo e montarmos uma estrutura pequena, mas que pudesse nos dar algumas garantias. Então, nós trouxemos uma equipa técnica nova, fizemos aí uma série de mudanças e obviamente que por detrás disso tinham algumas coisas à frente, obviamente nós acreditávamos, os directores, a direção do clube, o patrocinador, acreditavam no projeto, mas depois que os resultados no início não foram nos ajudando, aí começou a complicar as coisas.
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LANCEMZ: E qual é que foi o ponto de viragem para que começássemos a ganhar e somassem agora uma sequência de 15 vitórias consecutivas no Moçambola?
PT: Nós tínhamos noção de que o segredo seria a união do grupo. Estou a falar da união do clube, de tentar blindar o grupo, porque as coisas eram novas, nós estávamos a começar uma coisa em que nós acreditávamos e a partir daí, obviamente, quando tivemos dois maus resultados e vimos que tínhamos pouca gente por detrás, tínhamos pouca gente a ajudar, nós entendemos que o segredo seria os jogadores, a equipa técnica e os directores nos unirmos e tentarmos reverter o cenário. Na quinta jornada, creio eu, quando fomos a Maxixe, estávamos numa situação que era ganhar ou ganhar. Tivemos a sorte do jogo no dia, ainda me lembro, fomos a Maxixe, perdemos um jogador na primeira parte, jogámos com menos uma unidade, e a partir daí, tornou-se um jogo complicadíssimo, no final do jogo o Luís Miquissone decidiu, esse foi o momento de viragem. A partir daí nós começamos a acreditar que é possível, as coisas estavam sendo bem feitas, porque nós sempre acreditávamos que era possível.
LANCEMZ: Era possível porquê?
PT: Tínhamos uma equipa técnica nova, que só nós acreditávamos neles e sabíamos da capacidade deles, que eles podiam reverter o cenário. As coisas começaram a ocorrer bem em termos desportivos, estou-me a referir em termos desportivos e com isso que as vitórias dão mais estabilidade no sentido de trabalharem à vontade, esse foi o momento de viragem, naquele preciso momento em que a gente queria coesão do grupo, união dentro do balneário, porque nós, na União do Songo éramos muito vulneráveis no passado. Qualquer situação pequena que acontecesse, o pessoal de fora tinha as informações todas, haviam pessoas mesmo dentro do próprio grupo, que tratavam de tirá-las. Quando tu tens um plantel de 40 jogadores, 15 a 20, estão de fora todas as semanas, começam a criar pequenos grupos.
LIMPEZA DO BALNEÁRIO SURTIU EFEITOS
LANCEMZ: Então foi acertada a aposta que vocês tiveram de dispensar cerca de 17 jogadores e depois contratarem algumas peças fundamentais de alguns clubes do Moçambola. Como é que fizeram esse scouting até montar esse plantel muito forte?
PT: Repara que nós tínhamos jogadores que já estavam no grupo há alguns anos, tínhamos uma base dada de jogadores que estavam no grupo há muitos anos e não tinham acima de 10 jogos por época e nós decidimos que, reduzindo o plantel, ficando com os jogadores importantes, nós depois fomos buscar dois jogadores do Costa Sol, Chester e Mbulo, ainda o Melque e as aquisições foram dando certo. Repara que nós não podíamos contratar muito porque não tínhamos ainda a equipa técnica, nós os diretores do futebol tínhamos noção disso. Trouxemos alguns e esperemos que a equipa técnica fosse contratada. Trouxemos 6 jogadores e ficámos à espera que quando contratássemos o treinador se desse continuidade, deixámos ali um espaço de 3, 4 jogadores para preencher o grupo e para tentar fazer um plantel de 24 a 25 jogadores. Obviamente, com os jogadores que a gente contratou, até deram certo, e os treinadores quando foram anunciados, também trouxeram alguns jogadores jovens. Há que realçar isso, alguns jogadores jovens que hoje viraram ativos do clube.
LANCEMZ: E esses jogadores jovens alguns foram buscar na ‘cantera’ do próprio clube, como é que foi esse trabalho?
PT: Sim, me referia a 6 jogadores que vieram dos outros clubes e depois também tivemos jogadores que a gente promoveu, o Óscar, por exemplo, que tinha sido emprestado na temporada passada ao Textáfrica do Chimoio, voltou, foi uma aposta ganha do treinador, da equipa técnica, há que realçar isso. Depois também a subida de rendimento, jogadores como o Alcides, que é jogador da casa, promovemos 4 jovens da ‘cantera’, que hoje ainda não se estabilizaram, mas são jogadores que em algum momento entram nos jogos e dão boa conta de si. Depois há um regresso aqui que se tornou importantíssimo, que é o regresso de Vitinho. Nós tínhamos perdido o Vitinho para a ABB, é um jogador da casa, que se transferiu para Maputo, é um jogador com uma simpatia muito grande em relação à massa associativa. E nós tínhamos o objetivo de trazê-lo de volta à todo custo, porque sempre que a ABB, quando jogassem em nossa casa com o Vitinho, isso dividia a plateia. Isso nos inquietava bastante, era uma situação muito constrangedora. A partir da altura em que conseguimos o Vitinho, obviamente que aí foi um ganho importante em relação àquilo que era necessário para completar o plantel. Se tu olhares, por exemplo, para o Vitinho, sempre que joga, percebesse que é um jogador importantíssimo para aquilo que são as inspirações do clube. (LANCEMZ)
Fonte: Lance





