As autoridades governamentais da província de Nampula confirmaram ontem o assassinato de pelo menos três pessoas no distrito de Memba, em ataques nos últimos dias, atribuídos a supostos terroristas oriundos de Cabo Delgado. Plácido Pereira confirmou que, por causa dos ataques, as aulas também foram suspensas.
O secretário de Estado na província de Nampula chamou a imprensa, nesta terça-feira, para esclarecer os rumores à volta dos ataques armados protagonizados pelos terroristas em Memba, que mataram três pessoas, sendo duas decapitadas.
“Os ataques concentraram-se inicialmente no posto administrativo de Mazula, nos dias 14 e 15 [de Novembro], e avançaram, ontem, dia 17, para a sede do distrito de Memba, incluindo as localidades de Chipene e Baixo Pinta”, confirmou ontem o secretário de Estado na província de Nampula.
Plácido Pereira acrescentou que, durante as acções, os atacantes incendiaram 101 casas de populares, viaturas, uma moageira e raptaram alguns cidadãos.
“Presentemente, contabilizam-se três mortos, mas ainda não são dados definitivos”, disse ainda Plácido Pereira.
De acordo com o secretário de Estado, aproximadamente 200 famílias encontram-se acolhidas no distrito vizinho de Eráti, também em Nampula, que dista 106 quilómetros de Memba, e outras 40 em Nacarôa, a 76 quilómetros de distância, havendo também deslocados em Nacala-a-Velha e Nacala-Porto.
A instabilidade levou ainda à suspensão de vários projectos públicos em Memba, incluindo a construção de um centro de saúde e o sistema de abastecimento de água do distrito.
“As aulas também foram interrompidas. As Forças de Defesa e Segurança permanecem no terreno e realizam operações para restaurar a ordem. As operações estão a ser realizadas e espera-se que, num espaço curto de tempo, possamos voltar à normalidade”, declarou o secretário de Estado, garantindo que o Governo, em coordenação com parceiros de cooperação, tem mobilizado assistência humanitária através do Instituto de Gestão de Calamidades (INGC), para assistir os deslocados de Memba.
A ONU estimou, nesta terça-feira, que cerca de 128 mil pessoas tenham fugido, numa semana, das povoações de Lúrio e Mazula, no distrito de Memba, na província de Nampula, após ataques de grupos extremistas.
De acordo com um relatório de actualização do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), os ataques coordenados de grupos armados não Estatais desde o dia 10 de Novembro intensificaram-se nos distritos de Memba e Eráti, na província de Nampula.
Segundo a agência da ONU, os primeiros relatos indicam que algumas casas, incluindo uma escola, foram incendiadas, propriedades foram saqueadas e civis mortos, feridos ou sequestrados: “Estão em curso deslocamentos populacionais, estima-se que 80% da população de Lúrio e Mazula (aproximadamente 128 mil pessoas) tenha fugido para áreas de mata próximas ou para outros distritos”.
Ainda de acordo com o documento da ONU, “o medo de novos ataques e a persistente insegurança continuam a desencadear novos movimentos, à medida que se espalham rumores da presença de grupos armados não estatais pelas áreas afectadas”.
O OCHA descreve ainda que informações no terreno relatam movimentos populacionais significativos em todo o distrito de Memba, com moradores de bairros vizinhos a concentrarem-se em Lúrio sede, enquanto algumas famílias atravessam o rio Lúrio em direcção ao distrito de Mecúfi, na província de Cabo Delgado, que enfrenta a violência armada desde Outubro de 2017, particularmente nas aldeias de Munariki e Natuco.