Resumo
O dólar norte-americano fortaleceu-se nos mercados cambiais devido a expectativas de política monetária restritiva da Reserva Federal e resiliência económica nos EUA, levando a perdas no iene japonês, euro e libra esterlina. A divulgação das atas da Fed, com menor apoio a cortes de juros, reforçou a perspetiva de taxas altas por mais tempo, aumentando a atratividade do dólar. O índice do dólar ultrapassou 100 pontos, sinalizando robustez. O iene atingiu mínimos de dez meses face ao dólar, devido à falta de intervenção do governo japonês e à divergência entre as políticas do Banco do Japão e da Fed. O euro também caiu para 1,1510 dólares, refletindo sinais de desaceleração económica na zona euro.
Fed Reposiciona Expectativas E Reforça Atractividade Do Dólar
A recuperação do dólar ganhou força após a divulgação das actas da Reserva Federal, onde se verificou menor apoio à possibilidade de um corte de juros em Dezembro. A leitura de que muitos membros do Comité vêem como prematuro um alívio monetário reforçou a perspectiva de que os juros poderão permanecer elevados por mais tempo, aumentando a rentabilidade relativa dos activos denominados em dólares.
O índice do dólar ultrapassou a média móvel de 200 dias e consolidou-se acima dos 100 pontos, um sinal de robustez que contribuiu para a correção das moedas concorrentes.
Yen Em Mínimos De Dez Meses: O Elo Mais Fraco Do G10
A moeda japonesa foi uma das mais penalizadas, caindo para 157,48 por dólar, o nível mais fraco em dez meses. A ausência de sinais claros de intervenção por parte do Governo japonês aumentou a pressão sobre o iene, num momento em que a política fiscal do país enfrenta incertezas e o novo pacote económico deverá elevar o endividamento público.
A divergência entre a postura ultra-expansionista do Banco do Japão e a trajectória potencialmente mais restritiva da Fed amplia a diferença entre taxas de juro, tornando o iene particularmente vulnerável.
Euro Volta A Ceder Com Perspectiva De Uma Economia Europeia Mais Frágil
O euro caiu para 1,1510 dólares, o ponto mais baixo em duas semanas, num contexto marcado por sinais de desaceleração económica na zona euro e pela expectativa de que o Banco Central Europeu mantenha uma postura cautelosa nos próximos meses. O movimento ocorreu num momento em que as previsões de inflação se estabilizam, reduzindo o argumento para aumentos adicionais de juros e diminuindo a atractividade do euro face ao dólar.
A incerteza em torno do ritmo de recuperação da indústria alemã e a desaceleração na procura interna continuam a pesar sobre a moeda única.
Libra Esterlina Aliviada Com Previsões Mais Moderadas Do Banco De Inglaterra
A libra caiu para 1,3040 dólares depois de o Banco de Inglaterra ter sinalizado uma desaceleração nas pressões salariais e na inflação subjacente. Com a economia britânica a mostrar sinais de abrandamento e com a política monetária a aproximar-se de um ponto de estabilização, a moeda perdeu impulso face ao dólar, que se encontra mais apoiado por indicadores macroeconómicos robustos.
A economia do Reino Unido continua a enfrentar limitações estruturais relacionadas com produtividade, investimento e custos logísticos, factores que diminuem a resistência da libra em ciclos de fortalecimento do dólar.
Moedas De Exportadores De Commodities Também Enfraquecem
A valorização do dólar exerceu pressão adicional sobre moedas de países exportadores, incluindo o dólar australiano, o neozelandês e o canadiano. A queda do dólar neozelandês para 0,5591 — o valor mais baixo em sete meses — reflecte não só a força do dólar, mas também expectativas de corte de juros na Nova Zelândia.
Estes movimentos sublinham a sensibilidade das moedas ligadas a commodities perante mudanças na trajectória monetária dos Estados Unidos e perante a incerteza nos mercados de matérias-primas.
Dólar Mantém Vantagem Competitiva, Mas Sensibilidade Continua Elevada
A posição dominante do dólar reflecte um conjunto de factores estruturais: maior resiliência económica, políticas monetárias potencialmente mais restritivas e o estatuto singular da moeda norte-americana como activo de refúgio. No entanto, os analistas alertam que este ciclo de fortalecimento pode tornar-se volátil caso os dados de inflação ou de emprego nos Estados Unidos surpreendam negativamente.
Para os mercados emergentes e para países altamente dependentes de importações denominadas em dólares, como Moçambique, movimentos prolongados de apreciação do dólar poderão ter impactos sobre a balança comercial, custos de financiamento e pressão cambial interna.
Fonte: O Económico






