Resumo
A S&P Global melhorou o rating soberano da África do Sul, elevando as notações de crédito de longo prazo para BB em moeda estrangeira e BB+ em moeda local, após duas décadas de deterioração. A agência destacou progressos nas reformas estruturais, consolidação fiscal e desempenho económico superior ao esperado, especialmente no setor elétrico. Este é o primeiro upgrade em vinte anos, sinalizando uma viragem estrutural desde meados dos anos 2000, quando o país desfrutou de estabilidade macroeconómica. A previsão é de crescimento do PIB de 1,1% em 2025 e uma média de 1,5% entre 2026 e 2028, impulsionado por melhorias no setor energético e avanços em setores-chave, refletindo o impacto positivo das reformas estruturais na economia.
Agência eleva notações de moeda estrangeira e local, assinala progressos nas reformas estruturais e reconhece trajectória positiva de consolidação fiscal no país.
A S&P Global pôs fim a um ciclo de duas décadas de deterioração do rating soberano da África do Sul ao anunciar, a 14 de Novembro de 2025, a subida das notações de crédito de longo prazo para BB, em moeda estrangeira, e BB+, em moeda local. A decisão reflecte melhorias sustentadas na trajectória fiscal, desempenho económico superior ao estimado e progressos concretos nas reformas estruturais, particularmente no sector eléctrico.
Primeiro upgrade em vinte anos sinaliza viragem estrutural
A S&P Global destacou que o país atravessa o primeiro momento de melhoria de rating desde meados dos anos 2000, período marcado pela consolidação económica sob as administrações de Nelson Mandela e Thabo Mbeki. Entre 1994 e 2007, a África do Sul beneficiou de um ciclo de estabilidade macroeconómica que levou a agência a elevar repetidamente o rating soberano até BBB+.
Contudo, a partir de 2008, durante os governos de Jacob Zuma e, mais tarde, de Cyril Ramaphosa, o país mergulhou num período prolongado de baixo crescimento, gestão fiscal frágil, aumento da dívida e deterioração da confiança dos investidores.
Economia recupera e reformas impulsionam previsões de crescimento
A agência prevê que o crescimento real do PIB suba para 1,1% em 2025 e estabilize numa média de 1,5% entre 2026 e 2028, sustentado por melhorias no desempenho energético, maior fiabilidade na geração eléctrica e avanços em sectores-chave.
Para a S&P, o impacto das reformas estruturais começa finalmente a reflectir-se na actividade económica, depois de quase duas décadas de constrangimentos severos associados à crise de fornecimento de energia e à fragilidade das empresas públicas.
Consolidação fiscal marca mudança decisiva
Na primeira metade do ano fiscal que termina em Março de 2026, as receitas do Estado superaram as metas orçamentais, num contexto de melhoria da administração tributária e de controlo da despesa.
A S&P Global espera que a África do Sul registe o terceiro ano consecutivo de excedente primário, algo que não acontecia desde a crise financeira de 2008. Este resultado é visto como essencial para travar o crescimento da dívida pública.
A agência acredita que a consolidação fiscal poderá prolongar-se até 2028, apoiada por contenção das despesas, melhor disciplina orçamental e uma redução gradual das necessidades de financiamento das empresas públicas, cujos passivos contingentes têm sido uma fonte histórica de vulnerabilidade.
Dívida pública aproxima-se finalmente da estabilização
O Ministro das Finanças, Enoch Godongwana, revelou no orçamento de médio prazo que a dívida deve estabilizar em torno de 77,9% do PIB no exercício corrente — a primeira estabilização desde 2008.
Durante anos, a dívida cresceu devido ao aumento persistente das despesas do Estado, à expansão do défice e ao fraco desempenho económico. Entre 2008 e 2023, a dívida saltou de 26% para cerca de 74% do PIB, obrigando o governo a cortar investimentos essenciais em educação, segurança e infra-estruturas.
A reversão desta tendência constitui, para a S&P Global, um dos elementos mais decisivos para justificar o upgrade.
Coligação governamental sob prova: reformas como condição para manter o avanço
Apesar de melhorar a perspectiva para positiva, a S&P alertou que a manutenção da tendência dependerá da capacidade da coligação governamental em prosseguir reformas estruturais e evitar desvios fiscais.
A agência sublinha que o governo deve avançar na resolução das pressões sobre infra-estruturas, na estabilidade energética, no desempenho das empresas públicas e no ambiente de negócios. Apenas com reformas aceleradas será possível sustentar um crescimento superior ao previsto.
Fim de um período devastador e início de uma nova fase
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>O upgrade é simbolicamente poderoso: representa o fim de uma era de estagnação económica e explosão da dívida que marcou a governação de Zuma e parte da administração Ramaphosa.
Os recentes excedentes primários, a disciplina orçamental e o aumento da confiança institucional indicam que a África do Sul está a reconstruir a credibilidade perdida ao longo de quase duas décadas.
A S&P Global destaca que a trajectória actual coloca o país numa rota mais sólida, pondo termo ao ciclo devastador que prejudicou o crescimento e agravou a dívida durante anos.
Fonte: O Económico





