Resumo
A 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia reúne 42 chefes de Estado e de Governo em Luanda, com fóruns empresarial, da juventude e da sociedade civil, visando uma cooperação equilibrada. O encontro pretende marcar uma nova fase na relação entre os continentes, centrando-se em paz, prosperidade partilhada e investimento sustentável. Luanda assume-se como centro da parceria, com a presença de líderes africanos e europeus, incluindo António Guterres. Co-presidida por João Lourenço e António Costa, a cimeira visa elevar a cooperação estratégica entre os blocos, promovendo um multilateralismo eficaz. A agenda foca-se em paz e segurança, pessoas, prosperidade e multilateralismo, com o lema "Promover a Paz e a Prosperidade através do Multilateralismo Eficaz".
Encontro de alto nível junta 42 chefes de Estado e de Governo e é acompanhado por fóruns empresarial, da juventude e da sociedade civil, num esforço para tornar a cooperação mais equilibrada e orientada para resultados.
A 7.ª Cimeira União Africana–União Europeia, que decorre hoje e amanhã em Luanda, pretende marcar um novo ciclo na relação política e económica entre os dois continentes, ao reunir dezenas de chefes de Estado e de Governo, instituições multilaterais e representantes da sociedade civil para discutir uma agenda comum centrada em paz, prosperidade partilhada e investimento sustentável.
Luanda Assume-se Como Novo Centro da Parceria África–Europa
A capital angolana torna-se, por dois dias, o principal palco de diálogo entre África e Europa. No total, 42 chefes de Estado e de Governo africanos e europeus, bem como o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, participam no encontro. Entre os presentes contam-se líderes de 28 países africanos e 18 europeus, além de representantes da União Europeia e da União Africana, num formato que espelha a ambição de elevar a cooperação para um patamar mais estratégico e menos assistencialista.
A cimeira é co-presidida pelo Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na qualidade de presidente em exercício da União Africana, e por António Costa, presidente do Conselho Europeu. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e o presidente da Comissão da União Africana juntam-se ao grupo de altos dirigentes que, em Luanda, procuram reafirmar o compromisso com o multilateralismo e com uma parceria de “mão dupla”, em que os dois blocos sejam co-protagonistas na definição da agenda.
“Paz, Prosperidade e Multilateralismo Eficaz”: O Conteúdo da Agenda
Sob o lema “Promover a Paz e a Prosperidade através do Multilateralismo Eficaz”, a cimeira foi desenhada para responder a quatro grandes eixos: paz e segurança, pessoas, prosperidade e multilateralismo.
No domínio da paz e segurança, as discussões incidem sobre o financiamento previsível das missões de paz africanas, o combate ao extremismo violento e a gestão de crises regionais, temas centrais para países que enfrentam conflitos prolongados e pressões orçamentais severas.
Em matéria de “pessoas”, a ênfase recai na juventude africana, na mobilidade académica e profissional e na migração regular e segura. A UE procura mostrar que pode ser um parceiro relevante na criação de empregos e na qualificação de jovens africanos, ao mesmo tempo que responde às pressões internas sobre fluxos migratórios.
No pilar da prosperidade, as expectativas estão focadas na agenda de investimento, com destaque para o pacote “Global Gateway África–Europa”, que prevê recursos para infra-estruturas, energia limpa, digitalização, corredores logísticos e cadeias de valor industriais em África.
Finalmente, em torno do multilateralismo, os dois blocos procuram alinhar posições em fóruns globais – do clima ao comércio, passando pela reforma das instituições financeiras internacionais – num contexto em que África reivindica mais voz e representação nas decisões que afectam a sua trajectória de desenvolvimento.
Fórum Empresarial, Juventude e Sociedade Civil Procuram Dar Corpo à Cooperação
Para além da conferência de alto nível, Luanda acolhe um Fórum Empresarial África–UE, que junta empresas, bancos de desenvolvimento, fundos de investimento e projectos inovadores de ambos os continentes. O objectivo é transformar compromissos políticos em negócios concretos, promovendo parcerias em sectores como energia renovável, infra-estruturas, digital, agro-indústria, logística e industrialização de recursos naturais.
Em paralelo, o Fórum da Sociedade Civil e da Juventude África–UE, que antecedeu a cimeira entre 20 e 21 de Novembro, reuniu cerca de 100 representantes de organizações juvenis e da sociedade civil para debater emprego jovem, inovação, clima, governação e inclusão social. As recomendações consolidadas deste fórum serão apresentadas aos líderes, numa tentativa de aproximar a parceria das expectativas das populações e de evitar que o encontro se reduza a uma mera “declaração de boas intenções”.
A organização de uma reunião específica de altos funcionários, antes e depois da cimeira, procura garantir seguimento técnico às decisões, reduzindo a distância entre o
Oportunidades Económicas, Mas Também Risco de Mais um “Ritual de Cimeira”
Analistas recordam que a relação África–UE assinala 25 anos desde a primeira cimeira, realizada no Cairo em 2000, período marcado por avanços, mas também por frustrações. Vários centros de reflexão alertam que, sem mecanismos de implementação robustos, monitoria mútua e responsabilização, existe o risco de a 7.ª cimeira repetir o padrão de declarações ambiciosas seguidas de execução limitada.
Ainda assim, o encontro de Luanda é visto como uma oportunidade rara para alinhar prioridades num momento em que África enfrenta desafios interligados – dívida, choque climático, conflitos, fragilidade institucional – e a Europa procura afirmar-se como parceira credível num cenário de competição geopolítica crescente.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>Para os países africanos, incluindo as economias lusófonas, o verdadeiro teste estará na capacidade de transformar compromissos em projectos com financiamento concreto, transferência de tecnologia, aumento de exportações com maior valor acrescentado e criação de emprego digno para milhões de jovens. A forma como o Global Gateway e os novos instrumentos financeiros serão operacionalizados nos próximos anos dirá se a cimeira de Luanda foi, de facto, um ponto de viragem ou apenas mais uma etapa no longo caminho da parceria África–Europa.
Fonte: O Económico






