Resumo
O Conselho de Segurança da ONU discutiu a crise humanitária na Ucrânia, onde a população enfrenta exaustão devido à guerra, com cidades sem energia e infraestruturas destruídas. Os ataques aéreos intensificados pela Rússia têm devastado comunidades em todo o país, mesmo em áreas consideradas relativamente seguras. Apesar dos esforços das agências da ONU, mais de 6 milhões de pessoas já foram apoiadas, mas o inverno rigoroso, deslocações em massa e falta de financiamento ameaçam agravar a crise. A diretora da ONU para a Europa descreveu os ataques como dos mais intensos desde o início da guerra, com um ataque recente a matar pelo menos 25 pessoas. Milhões de pessoas na Ucrânia estão sem aquecimento, água e abrigo seguro, com um aumento significativo de mortes civis em comparação com anos anteriores.
De acordo com funcionários da ONU, na Ucrânia, os ataques aéreos intensificados pela Rússia estão arrasando comunidades por todo o país. Regiões consideradas, relativamente seguras, estão sendo alvos da violência e à beira do colapso.
Ataques aéreos mais letais
Apesar dos esforços de agências da ONU, que já apoiaram mais de 6 milhões de pessoas, a combinação do inverno rigoroso, deslocações em massa e subfinanciamento ameaça agravar ainda mais a crise.
Kayoto Gotoh, diretora para a Europa do Departamento de Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz da ONU, descreveu a ofensiva aérea russa como “uma das mais intensas desde o início da guerra”, destacando o ataque da madrugada de 19 de novembro que matou pelo menos 25 pessoas.
Embora a maioria das vítimas continue concentrada nas zonas da linha da frente, o uso crescente de armamento de longo alcance fez aumentar o número de regiões sob ameaça.
Lviv e Ivano-Frankivsk, ambas no oeste do país, foram novamente atingidas. Segundo a diretora, “nenhuma região da Ucrânia está segura”.
Milhões sem aquecimento, água ou abrigo seguro
A ONU também chamou a atenção para números trágicos: só na capital Kyiv, até ao final de outubro, o número de mortos civis era quase quatro vezes superior ao total de 2024.
Em toda a Ucrânia, as baixas civis já ultrapassaram o registo do ano passado. No total, desde o início da guerra, 14.534 civis, incluindo 745 crianças, foram mortos, segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU.
Edem Wosornu, diretora de Operações e Advocacy do OCHA, alertou que 3,7 milhões de pessoas continuam deslocadas dentro da Ucrânia, enquanto quase 6 milhões vivem como refugiadas no exterior. Só este ano, 122 mil pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas devido aos combates.
Com o inverno a aprofundar a crise, grande parte da população enfrenta a estação mais fria sem aquecimento, água ou serviços essenciais. A falta de financiamento está a agravar o impacto: o plano humanitário de 2025 permanece profundamente subfinanciado, deixando 72 mil deslocados sem abrigo adequado, limitando o apoio especializado a sobreviventes de violência sexual relacionada com o conflito e travando programas que beneficiariam mais de 600 mil mulheres e raparigas.
Wosornu reforçou que trabalhadores humanitários seguem a operar “sob ameaça constante”, apelando uma vez mais à proteção de civis, infraestruturas essenciais e trabalhadores humanitários.
Sinais pontuais de avanço, mas riscos permanecem elevados
Apesar da deterioração, a ONU destacou um avanço importante no setor energético: graças à mediação da Agência Internacional de Energia Atómica, Aiea, ambas as partes concordaram no mês passado em reconectar a central nuclear de Zaporizhzhia à rede elétrica, medida crucial para evitar um acidente nuclear em contexto de guerra.
No entanto, o Conselho de Segurança sublinhou que tais progressos não compensam o agravamento contínuo da situação civil e humanitária.
Para a ONU, a prioridade imediata permanece clara: travar os ataques contra civis, proteger infraestruturas vitais e assegurar o financiamento necessário para impedir que o inverno transforme uma crise severa numa catástrofe humanitária de larga escala.
Fonte: ONU





