O Presidente da República afirmou esta terça-feira, durante a Cimeira entre a União Africana e a União Europeia, que a facilidade de mobilidade em Moçambique pode ser capitalizada para atrair investimentos e para o desenvolvimento técnico em diversas áreas, apesar dos sinais de terrorismo ainda visíveis em alguns pontos do país.
Moçambique foi uma das vozes ouvidas no último dia do encontro UA–UE e, no seu discurso, Daniel Chapo destacou as facilidades de investimento existentes no país.
“Falar da migração e mobilidade em Moçambique é olhar para as oportunidades que podemos ter em várias áreas, tais como a cooperação técnica, emprego e investimento, programas de formação técnico-profissional, principalmente para jovens e mulheres, partilha de experiências e formação académica em vários níveis.
Moçambique desempenha simultaneamente os papéis de origem, trânsito e destino dos fluxos migratórios, enquanto enfrenta deslocações internas, principalmente por causa do terrorismo na província de Cabo Delgado, das mudanças climáticas, de factores económicos, bem como da integração regional da SADC”, disse Daniel Chapo.
Moçambique reafirmou igualmente o compromisso de continuar a fazer a sua parte no combate aos males globais, sobretudo o terrorismo que fustiga o país desde 2018. Segundo o Chefe do Estado, “esta cimeira constitui também uma oportunidade ímpar para aprofundarmos a nossa parceria no contexto global, num momento em que o mundo se confronta com múltiplos desafios novos e contemporâneos, tais como o ressurgimento de conflitos, o agravamento do extremismo violento, o terrorismo, o elevado custo de capital no mercado internacional e o aumento da pressão para o pagamento dos serviços da dívida externa, as mudanças climáticas, entre outros desafios”.
No âmbito do diálogo entre as duas organizações, Moçambique agradeceu o apoio que tem recebido no combate ao terrorismo.
“Expressamos o nosso maior reconhecimento e apreço à União Europeia pelo apoio no combate ao terrorismo em Moçambique, que se traduz fundamentalmente na formação e no reforço de capacidades das Forças de Defesa e Segurança.
Gostaríamos de partilhar com este Fórum que o nosso país continua empenhado na melhoria das condições de vida da população e no combate ao terrorismo. Aproveitamos esta ocasião para, ao mesmo tempo, agradecer à União Africana, que tem trabalhado connosco no enfrentamento deste mal”, afirmou Daniel Chapo.
A delegação moçambicana levou à Cimeira um conjunto de objectivos estratégicos, com destaque para o aprofundamento da parceria UA–UE e para a identificação de áreas de cooperação com impacto no desenvolvimento nacional.
Entre os objectivos apresentados esteve também a intenção de posicionar Moçambique como destino privilegiado para o investimento europeu, especialmente em sectores económicos dinâmicos. A delegação procurou igualmente reforçar a imagem internacional do país como actor empenhado na paz, segurança e estabilidade no continente, bem como mobilizar parcerias e contactos bilaterais com líderes africanos, europeus e instituições internacionais.
Moçambique participou na sessão temática “Moldar um Futuro Próspero e Sustentável para África e a Europa”, onde o Presidente da República defendeu uma migração segura e ordenada e reforçou a necessidade de fortalecer os mecanismos de combate ao tráfico de seres humanos e ao contrabando de migrantes.
Além da participação multilateral, o Chefe do Estado manteve encontros bilaterais com diversas personalidades à margem da Cimeira, incluindo António Costa, Presidente do Conselho Europeu, com quem analisou o estado da cooperação Moçambique–UE, considerada uma das mais sólidas em África.
O governante reuniu-se ainda com o Presidente do Quénia, William Ruto, o Vice-Presidente do Parlamento Europeu, Younous Omarjee, o Primeiro-Ministro da Finlândia, Petteri Orpo, e o Vice-Primeiro-Ministro da Bélgica, Maxime Prévot. Durante a sua participação na Cimeira, o Presidente da República agradeceu o apoio europeu na formação e capacitação das Forças de Defesa e Segurança envolvidas no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, tendo vários líderes reafirmado o compromisso de continuar a apoiar Moçambique.
As abordagens ao longo da Cimeira demonstraram que a parceria UA–UE constitui um instrumento essencial para enfrentar desafios comuns e promover oportunidades de desenvolvimento com ganhos mútuos