Resumo
O Ministro da Planificação e Desenvolvimento de Moçambique, Salim Cripton Valá, abordou desafios, oportunidades e prioridades estratégicas durante a Conferência Económica do Millennium bim. Destacou a resiliência nacional, o dividendo demográfico, a industrialização e o papel das PME's, jovens e mulheres na transformação económica. Valá defendeu uma agenda de transformação estrutural, referindo que Moçambique tem os recursos necessários para alcançar um crescimento inclusivo e sustentável. Reconheceu os desafios internos e externos que o país enfrenta, mas salientou a capacidade de resiliência nacional. O Ministro enfatizou a importância de reconhecer os desafios para fortalecer o desenvolvimento. No que diz respeito à situação económica, Valá mencionou um crescimento moderado e vulnerabilidades profundas, apontando para a necessidade de uma recuperação mais robusta.
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p style=”margin-top: 0in;text-align: justify;background-image: initial;background-position: initial;background-size: initial;background-repeat: initial;background-attachment: initial”>No discurso oficial, o Ministro da Planificação e Desenvolvimento sublinhou desafios, oportunidades e prioridades estratégicas, destacando a resiliência nacional, o dividendo demográfico, a industrialização e o papel transformador das PME’s, jovens e mulheres.
Ao proferir o discurso central da Conferência Económica do Millennium bim, o Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Salim Cripton Valá, apresentou uma leitura abrangente do contexto económico de Moçambique e defendeu uma agenda ousada de transformação estrutural. Com base num diagnóstico rigoroso e apoiado em dados concretos, Valá reiterou que o país tem os instrumentos, o talento humano e a capacidade institucional para “transformar desafios em oportunidades e colocar Moçambique numa trajectória de crescimento inclusivo e sustentável” .
“O país está num ponto de inflexão”
Salim Valá iniciou a intervenção com uma leitura franca do ambiente interno e internacional, sublinhando a complexidade do momento actual. “Moçambique está num ponto de inflexão política, económica, social e institucional” , afirmou, destacando que os desafios são grandes, mas as oportunidades são igualmente históricas.
O Ministro assumiu sem rodeios que o país enfrenta tensões internas, choques climáticos, pressões externas e volatilidades várias; porém, realçou que a capacidade de resiliência nacional tem sido decisiva.
Disse ainda que “assumir esta realidade não é sinal de fraqueza — é sinal de responsabilidade e maturidade” , defendendo que reconhecer os desafios é indispensável para reconstruir confiança e fortalecer as bases do desenvolvimento.
O diagnóstico económico: crescimento moderado, vulnerabilidades profundas
Ao apresentar o retrato macroeconómico recente, Valá realçou que, embora o país esteja a recuperar, o ritmo é insuficiente para responder às exigências sociais e demográficas.
Recordou que “entre 2021 e 2024, o país teve um crescimento médio do PIB de 2,63%” após vários anos de desaceleração . No entanto, reconheceu que estes níveis “ainda estão longe de ser o que desejamos em termos de impacto sobre a pobreza, o emprego e o bem-estar das famílias” .
Sublinhou também três vulnerabilidades estruturais:
– baixa produtividade;
– elevado nível de informalidade;
– desigualdades territoriais persistentes.
“Quando falamos do contexto económico actual, não podemos ficar apenas nos indicadores macroeconómicos. Temos de olhar para a realidade social” , afirmou.
Pobreza, desemprego e desigualdade: o triplo desafio
O Ministro foi particularmente enfático ao abordar a pobreza. “A pobreza de consumo continua elevada, acima de 50%” , e permanece concentrada nas zonas rurais, onde as oportunidades económicas são mais escassas.
Referiu ainda que “o desemprego juvenil continua elevado, com uma taxa estimada de 18,4%” e que mais de 80% dos trabalhadores estão na informalidade .
Sobre desigualdade, apontou que o país enfrenta assimetrias que não diminuem ao ritmo necessário e que o acesso ao crédito continua drasticamente desigual: “menos de 20% do crédito formal chega às zonas rurais, apesar de ali viverem 65% dos moçambicanos” .
“O nosso dividendo demográfico é profundamente feminino”
Numa das passagens mais fortes do discurso, Valá afirmou:
“Moçambique é um dos países mais jovens do mundo. Cerca de 65% da população tem menos de 25 anos.”
“O nosso dividendo demográfico tem um traço particular: ele é profundamente feminino.”
O Ministro destacou:
– as mulheres produzem 70% dos alimentos;
– gerem mais de 60% das micro e pequenas actividades económicas;
– sustentam a economia real, especialmente em períodos de choque.
Valá afirmou:
“Se existe uma força capaz de transformar Moçambique, essa força são as mulheres e os jovens deste país.”
Uma nova arquitectura financeira pública
Ao abordar as reformas em curso, o Ministro apontou os instrumentos que constituem o novo ecossistema de financiamento público:
– FDEL
– Fundo de Garantia Mútua
– Fundo de Recuperação Económica
– Banco de Desenvolvimento
– Caixa Económica
Estes mecanismos, afirmou, “não são apenas iniciativas pontuais; são pilares de uma nova arquitectura financeira pública” vocacionada para corrigir desigualdades, apoiar PME’s e estimular investimento produtivo nos territórios .
O gás natural como mecanismo, não como destino
Valá deixou claro que Moçambique não pode cair na armadilha dos países ricos em recursos, mas pobres em benefícios.
“O gás natural não é um fim em si mesmo: é um mecanismo para financiar a diversificação económica” .
Visão para o futuro: produtividade, industrialização e inclusão
A encerrar, o Ministro reforçou que as próximas décadas podem ser de transformação real:
“Moçambique tem todas as condições para fazer das próximas duas décadas um período de transformações económicas profundas.”
E deixou um apelo forte à acção colectiva:
“O futuro não está por acontecer. O futuro está por construir.”
Com um discurso simultaneamente realista e mobilizador, Salim Valá delineou as bases de uma estratégia económica ambiciosa, sustentada num diagnóstico rigoroso e numa visão de longo prazo. A centralidade das mulheres, dos jovens e das PME’s, aliada a uma nova arquitectura financeira e a reformas estruturais, compõe um quadro claro para o futuro económico de Moçambique.
Fonte: O Económico





