Resumo
Agentes da polícia em Moçambique têm sido associados a práticas criminosas, levando o Presidente a admitir publicamente a presença de membros ligados a máfias e gangues na corporação. Embora não sejam a maioria, esta realidade aumenta a insegurança e prejudica o investimento no país. O Presidente defende a purificação das fileiras do Ministério do Interior para afastar agentes comprometidos com criminosos, destacando a necessidade de ação séria e rápida. Ele reitera o compromisso de combater raptos, terrorismo e tráfico de drogas, especialmente em Cabo Delgado, elogiando a coragem das forças no terreno. O objetivo é evitar que os raptos e outras práticas criminosas prejudiquem o país, garantindo segurança e estabilidade às comunidades afetadas.
Casos de agentes da polícia envolvidos em práticas criminosas têm sido recorrentes no país. Desta vez, porém, o próprio Presidente da República reconheceu publicamente a presença deste fenómeno dentro da corporação.
Segundo Daniel Chapo, “a corporação policial está infiltrada por alguns membros ligados a máfias, gangues criminosas, tráfico de drogas, venda e aluguer de armas de fogo”.
No entanto, o Chefe de Estado reconhece que não se trata da maioria dos agentes. Ainda assim, alerta que “esta realidade aumenta o sentimento de insegurança dos cidadãos, afasta o interesse de quem pretende investir em Moçambique ao transmitir uma percepção de insegurança generalizada. Felizmente, não é a maioria dos membros da corporação que está comprometida com os criminosos. Contudo, estes casos mancham toda a corporação”.
Assim sendo, Daniel Chapo defende que a purificação das fileiras do Ministério do Interior é a medida essencial para afastar agentes ligados à máfia. Nas suas palavras: “Ainda temos tempo para corrigir, purificando as fileiras. Isto exige coragem da direção, porque o exemplo deve começar de cima. A necessidade de purificar as fileiras não deve ser um cliché entre vós, mas uma acção que deve ser realizada com muita seriedade e celeridade, sob pena de transmitir a mensagem de que todos foram capturados, quando isso não é verdade.”
Desta feita, o Presidente reiterou que pretende o fim dos raptos, do terrorismo, do tráfico de drogas e de outras práticas criminosas. “Queremos que os raptos fiquem na história, antes que os raptos sequestrem o Estado”, afirmou.
Tendo em conta a situação no norte de Cabo Delgado, Chapo destacou que o terrorismo continua a afectar algumas localidades, embora reconheça o empenho das forças destacadas no terreno. “Reconhecemos que a Unidade de Intervenção Rápida tem sido bastante valente na sua atuação no Teatro Operacional Norte. Mas as populações das regiões afetadas precisam de tranquilidade para poderem produzir e contribuir para o desenvolvimento do nosso país.”
Além disso, Daniel Chapo alertou que fenómenos como raptos, branqueamento de capitais, sequestros e outros crimes transnacionais só serão superados quando “as instituições do sistema de administração da justiça forem coesas e focadas na implementação da justiça”.
O Presidente da República falava durante o 35.º Conselho Coordenador do Ministério do Interior, onde também condenou a prática de corrupção na Polícia Fronteiriça, na Direção Nacional de Identificação Civil e nos serviços de Migração, factores que, segundo o próprio, continuam a comprometer o funcionamento do sector e a entrada de turistas no país.
